Este artigo faz parte do Estudo de Mercado Externo de Produtos e Derivados da Ovinocaprinocultura da editora Méritos. Este trabalho foi viabilizado pela Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) do Sistema Agroindustrial, cuja gestão cabe ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC.
Sua execução foi possível graças à celebração de convênio entre a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO) e o MDIC. Elaborado a partir de proposta da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Caprinos e Ovinos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) - representa sinergia entre as ações das Câmaras Setoriais do MAPA e a PDP do Sistema Agroindustrial do MDIC. O estudo está disponível para download nos sites: www.mdic.gov.br, www.arcoovinos.com.br, www.agricultura.gov.br, www.conab.gov.br, www.cnpc.embrapa.br.
A primeira parte, publicada no dia 02/08 no FarmPoint, é referente ao capítulo Perfil dos Países Exportadores - Nova Zelândia. A segunda parte é referente ao mesmo capítulo, porém, o desfecho é sobre a Austrália. A terceira parte é sobre a Índia e a quarta parte é sobre o Uruguai. Esta quinta e última parte é referente a Namíbia.
Namíbia
A Namíbia, situada no sudoeste da África, possui um território relativamente grande, mas com pequena população de cerca de 2 milhões de habitantes. É a maior exportadora de carne de ovinos da África, apesar de seu rebanho ser relativamente pequeno. Sua história é ligada à África do Sul, que administrou o país durante 70 anos, até 1988. O comércio de carne é dominado por esta relação com o país vizinho, que importa quase toda a produção da Namíbia.
Setor primário
Aproximadamente metade da população está no meio rural, praticando uma agricultura de subsistência, com poucos recursos e baixa tecnologia. Toda a produção de ruminantes é feita em 49 milhões de hectares de pastagens nativas, exploradas com baixa eficiência, de forma extensiva. No entanto, o rebanho de ovinos é formado principalmente por animais produtores de carne, da raça Dorper. Da mesma forma, no rebanho caprino é predominante uma raça de corte, a Boer. O rebanho ovino está concentrado no sul do país, enquanto o rebanho caprino é mais distribuído, porém com predominância da região norte, na fronteira com Angola.
Indústria
São quatro indústrias chamadas de frigoríficos exportadores no país. Têm capacidade aproximada de abater 1,3 milhões de ovinos e caprinos por ano. Esta capacidade de abate é superior ao potencial atual de fornecimento por parte dos criadores. Três plantas estão em processo de certificação para exportação para a União Europeia.
Aspectos institucionais e organizacionais
O fato de a Namíbia ser grande fornecedora de animais vivos para a África do Sul provocava preocupação na cadeia produtiva dentro do país. Assim, no início dos anos 2000 foi implantado um programa chamado Small Stock Marketing Scheme - Política de Mercado para Pequenos Animais (SSMS, na sigla em inglês). Através de mecanismos como a obrigação de se abater no país 6 animais para cada 1 exportado vivo, o SSMS conseguiu atrair investimentos para a área frigorífica e transformou a Namíbia em grande exportador de carne ovina, deixando de figurar na lista de grandes exportadores de ovinos vivos.
A Namíbia Agricultural Union - União Agrícola da Namíbia (NAU, na sigla em inglês) é a representante dos produtores do país, incluindo os ovinocaprinocultores. Tem tentando implantar nos últimos anos um sistema de informações ao mercado que seja confiável e completo, mas pelas características de baixa densidade de ocupação do país, esta tarefa tem encontrado dificuldades reais em ser realizada. A Livestock Producers Organization - Organização dos Pecuaristas (LPO, na sigla em inglês) é um dos membros institucionais da NAU e leva à organização as demandas dos produtores de ovinos, caprinos e bovinos.
Depois da implementação do SSMS, o preço médio pago ao produtor praticamente dobrou, aumentando a renda do setor primário e estimulando a agregação de valor no país. No entanto, existe resistência ao SSMS e em 2009 a NAU, em conjunto com o LPO, está pressionando o governo para reverter a obrigação de abate 6:1, transformando-a numa taxa extra sobre a exportação de animais vivos.
Exportações
O país nunca foi um exportador de destaque até poucos anos. O SSMS pode ser considerado como o grande responsável por ter colocado a Namíbia como um dos grandes exportadores de carne ovina do mundo. Já a exportação de caprinos segue sendo feita na forma de animais vivos.
Gráfico 1 - Exportação de carne ovina da Namíbia (mil t). Fonte: Comtrade, Meat Board of Namibia, 2009.
A carne é quase toda exportada na forma de carcaças refrigeradas, com mais de 97% de participação. O preço médio obtido pela carcaça congelada ficou em US$ 3.315 por tonelada, enquanto a carcaça refrigerada chegou a US$ 3.450. A produção foi quase integralmente para a vizinha África do Sul. Em 2008, um dos frigoríficos conseguiu exportar em 87,4 toneladas de cordeiro para a Noruega, fato bastante comemorado.
Os ovinos vivos são todos exportados para a África do Sul. Foram 42 mil animais em 2008, com preço médio de US$ 71 por cabeça. A exportação de caprinos vivos alcançou pouco mais de 226 mil cabeças, das quais 99% foram enviados para abate na África do Sul, a um preço médio de US$ 50 por cabeça.