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Aprendendo a conhecer os caprinos e ovinos - parte III - contenção de pequenos ruminantes

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/01/2012

6 MIN DE LEITURA

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Por Edson Ferraz Evaristo de Paula, Jordana Andrioli Salgado, Maria Angela Machado Fernandes e Thayla Sara Soares Stivari

A contenção é uma prática exigida em muitas ocasiões na criação de caprinos e ovinos. Entre tantos motivos que justificam essa necessidade, podemos citar aqueles mais rotineiros como a realização de exames físico clínicos, vacinações, everminações, aplicação de medicamentos, curativos e casqueamento. O correto manejo dos animais nessas situações é fundamental para evitar lesões e traumas físicos, e inclusive psicológicos. A forma com que essa contenção é realizada, além de ser essencial para o bem-estar do animal e segurança de quem irá realizar as atividades, está diretamente relacionada ao temperamento e reação dos animais nas próximas ocasiões de manejo.

É bastante comum a contenção de forma inadequada tanto por proprietários, tratadores e até mesmo pelos profissionais durante o manejo na propriedade, como por exemplo, segurando os ovinos pela lã, orelha ou rabo o que acarreta, além de dor ao animal e possibilidade de fraturas, o aparecimento de hematomas que podem comprometer o aproveitamento e a qualidade das carcaças de animais destinados ao abate.

Alguns procedimentos mais complexos (cirurgias, procedimentos que causam dor, animais muito grandes ou estressados) exigem o uso de acessórios (tais como cabrestos, cordas, maca ou brete) e/ou fármacos (tranquilizantes e anestésicos).

Figura 1 - Ovelha em maca imobilizadora para inseminação artificial (a) e carneiro em cirurgia de vasectomia (b).



A contenção pode ser realizada com o animal em pé, sentado ou deitado. A imobilização do animal se torna mais fácil se a intervenção for feita em pé, enquanto que a contenção do animal deitado ou sentado requer meios mais complexos para a imobilização, tornando-se arriscada para as fêmeas em adiantado estado de gestação.

Se preferir trabalhar com os animais sentados (Figura 2) ou deitados (Figura 3) é importante tomar bastante cuidado na hora de derrubar e conter para evitar choques e quedas bruscas. No momento da tosquia, conter o animal sentado com a cabeça virada pode ser útil porque, além de imobilizá-lo, a pele da região pescoço fica esticada e diminui a incidência de lesões pela tosquiadeira.

Figura 2 -Contenção de animal sentado.



Algumas categorias, como as fêmeas gestantes, exigem maior cautela de quem irá realizar a contenção. Em primeiro lugar, é muito importante que o manejo dessas fêmeas seja feito sempre de forma tranquila e com o mínimo possível de estresse, evitando traumas e pancadas, pois estas são importantes causas de aborto em pequenos ruminantes. Quanto mais acostumados estiverem os animais com o manejo e a presença do tratador, mais fácil, rápido e menos estressante será o trabalho. A imobilização deve ser feita com segurança e de forma firme, pois qualquer movimento brusco do animal pode provocar traumas, contusões, ou até mesmo aborto, reabsorção embrionária e lesões graves.

Figura 3 -Contenção do animal deitado.



O sucesso do procedimento também irá depender do local onde será realizado. Este deve ser seco, bem iluminado, abrigado do sol, espaçoso e limpo. Além disso, o ideal é não misturar animais de lotes diferentes no momento do manejo para evitar eventuais brigas. No caso de animais mais arredios, como costumam ser os machos adultos (reprodutores, rufiões e capões), recomenda-se o auxílio de um assistente para conter enquanto o tratador ou profissional realiza o procedimento de forma mais segura (Figura 4). Isso evitará que o animal se debata e que ocorram acidentes, preservando a integridade do mesmo e de quem realiza a atividade. Em relação aos machos adultos, a imobilização exige mais força e atenção. Também, é importante evitar dar as costas ao animal, pois os reprodutores costumam ser um tanto quanto mais agressivos que as demais categorias e comumente dão cabeçadas quando se sentem ameaçados.

Figura 4 - Contenção do animal em pé para casqueamento ou aplicação de medicamento.



A contenção no brete também pode ser utilizada, para diversos fins tais como observação do grau Famacha®, avaliação do escore de condição corporal e procedimentos de manejo reprodutivo (aplicação de hormônios, implantação de esponjas para sincronização de cio e realização de diagnóstico de gestação por ultrassonografia). Muitas vezes o brete é também o local de realização de pedilúvio para cuidados com os cascos.

Dessa forma, é fundamental que as medidas deste sejam adequadas com largura que não permita o animal se virar dentro dele e altura compatível com a possibilidade de realização de tais atividades. As laterais preferencialmente não devem conter espaçamento entre tábuas, pois o risco de algum animal se enroscar e se machucar é alto. O desenho das instalações deve ser sempre projetado com o objetivo de diminuir ao mínimo possível a quantidade de estresse que os indivíduos sofrem.

Em muitos casos, é também necessário o derrubamento dos animais para que determinada atividade possa ser efetuada. Para tal, é essencial que se tomem certos cuidados, evitando assim a ocorrência de acidentes que causem danos ao animal ou mesmo para os manejadores. É importante ressaltar que isso deve ser treinado na prática junto a alguém capacitado, pois se tratando de animais adultos e muitas vezes com peso elevado, erros nesta etapa de derrubamento podem provocar lesões mais graves como até mesmo a fratura dos membros. Primeiramente deve-se escolher o local para derrubá-los, lembrando sempre de evitar pisos com pedras e outros empecilhos. Posicione-se à lateral do animal e com uma mão abaixo da cabeça e a outra na região da virilha (Figura 5a), gire e apoie a cabeça em direção ao costado (Figura 5b), após esse movimento o ovino deverá sutilmente deslizar até o solo.

Alguns animais apresentam maior resistência a este método e isso requer mais prática e habilidade para derrubar o animal. É interessante evitar que o lado esquerdo do animal fique para baixo, pois dependendo da duração da imobilização, pode comprimir o rúmen e ocasionar problemas. Após derrubar o animal, pode-se manter a cabeça deste flexionada e apoiada sobre o costado enquanto se realiza os procedimentos (deve-se tomar o cuidado de não obstruir-lhe a respiração) ou ainda passar a perna dianteira (a situada acima do corpo do animal) por detrás da perna do tratador conforme a Figura 5c, de modo que o animal permaneça imobilizado. É importante que as regiões do pescoço e do costado também não sejam comprimidas demasiadamente, pois pode dificultar a respiração ou mesmo o retorno venoso.

Figura 5 - Derrubamento e imobilização de uma ovelha.



Nota-se que existem várias maneiras de se realizar a contenção de forma segura sem causar grande estresse, e a escolha do método irá depender do grau de imobilização que se deseja obter para realizar determinado procedimento. Muito do que foi aqui discutido para a espécie ovina é também aplicável para os caprinos. Porém, vale ressaltar que, neste caso, diversas raças apresentam chifres.

Esse fator aumenta o risco de acidentes, tanto para o manejador quanto para os animais e, portanto, a contenção desses deve ser realizada com maior dispêndio de atenção. Em algumas situações, o chifre pode servir como auxílio para segurar caprinos já contidos, todavia, este recurso não deve ser utilizado em movimentos bruscos ou com força, o que pode ocasionar lesões nesta estrutura dos animais. De modo geral, os pequenos ruminantes são animais que tendem ao comportamento dócil quando manejados com certa frequência e de forma tranquila. Por isso, a contenção geralmente é realizada sem a necessidade de medidas mais drásticas ou agressivas. Vale aqui enfatizar que na grande maioria das vezes o que se exige nesta etapa é prática e técnica, e não força.

MARIA ANGELA FERNANDES

Médica Veterinária pela UFPR
Doutoranda do Programa de Ciências Veterinárias da UFPR
Integrante do LAPOC - Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da UFPR

EDSON F EVARISTO DE PAULA

Zootecnista (UFPR),
Mestre em Ciências Veterinárias (UFPR)
LAPOC - Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da UFPR

JORDANA ANDRIOLI SALGADO

Médica Veterinária (UFPR).
Mestre em Ciências Veterinárias (UFPR/LAPOC).
Doutora em Biociências e Biotecnologia (UENF).
Pós doutoranda em Ciência Animal (PUCPR)
Consultora em ovino/caprinocultura e doenças parasitárias.

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LEONIDAS PEREIRA

LAVRAS - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 16/12/2014

òtimas orientações práticas e simples, contudo gostaria que me enviasse nome de empresas fornecedoras dessa maca imobilizadora, pois, precisamos para apresentação de aulas do departamento de zootecnia da UFLA(Universidade Federal de Lavras).
LEONARDO ADOLFO DADALTO

JAGUARÉ - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/07/2014

material muito interessante. porem como o amigo citou acima, talvez tenham algum modelo de brete de contenção que nao seria dificil construir " no fundo de casa" visto que tb achei muito alto o valor para se adquiri um tronco desses, grato
ROBERTO RAFAEL KUHL

TAIO - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE

EM 16/10/2013

Valeu mesmo pelas informações, muito útil a matéria.
ILDA FERNANDO

MAPUTO - MOCAMBIQUE - PESQUISA/ENSINO

EM 01/04/2013

O que seria da minha pesquisa sem vocês. Obrgada pelo apoio
ADOLFO CALDAS FREIRE JR

SALVADOR - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE CORTE

EM 30/06/2012

O que seria de nós sem vcs.Sempre dispostos em nos manter infromados.Obrigado.
JOSÉ ELIAS FELIPE DE LIMA

PALMARES - PERNAMBUCO

EM 12/04/2012

Bom, muito bom saber essas coisas, obrigado por enriquecer meus conhecimentos.
EDSON F EVARISTO DE PAULA

CURITIBA - PARANÁ - ESTUDANTE

EM 24/01/2012

Boa noite Everaldo!
Obrigado pelos elogios.
Ficamos contentes que o material seja útil.

Abraço,
Edson
MARROLIM

JACUPIRANGA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 23/01/2012

Para pequenos criadores como eu, seria bom um tipo de  contensor caseiro, ou seja, que se pudesse fazer na propiedade. Já tentei comprar um industrializado e o valor é muito alto.
EVERALDO PEREIRA

SALVADOR - BAHIA - PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE

EM 23/01/2012

Excelente material, pratico, útil, é utilizado no dia a dia do criador,parabens ao Edson e Angela pela qualidade do material.

São estes profissionais que distribuem conhecimento para este grande Brasil.

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