Fechar
Receba nossa newsletter

É só se cadastrar! Você recebe em primeira mão os links para todo o conteúdo publicado, além de outras novidades, diretamente em seu e-mail. E é de graça.

Você está em: Cadeia Produtiva > Entrevistas

Entrevista com Angelo Aguinaga, do Sebrae/RS

postado em 08/11/2010

3 comentários
Aumentar tamanho do texto Diminuir tamanho do texto Imprimir conteúdo da página

 

Este mês, o FarmPoint entrevistou Angelo Aguinaga, coordenador de agronegócios do Sebrae/RS. Angelo também é um dos responsáveis pela rodada de negócios de ovinos, que é realizada uma vez por ano e tem apresentado um aumento significativo a cada edição. A sistemática da rodada de ovinos, conforme explica o coordenador, é diferenciada das demais, pois as negociações não são efetivadas na ocasião.

"Mostramos aos interessados o que representa esse produto e quais são as suas vantagens; depois desse primeiro momento, os compradores conversam entre si e conhecem as ofertas; feito isso, discutem internamente e só então definem um parceiro para a próxima temporada", conta Aguinaga. Confira a entrevista logo abaixo:

Figura 1 - Angelo Aguinaga.



FarmPoint - Fale sobre os objetivos do Programa do Cordeiro de Qualidade da ARCO, promovido em parceria entre Sebrae/RS e ARCO.

Angelo - "O objetivo é organizar a produção e a comercialização de carne ovina no Estado do Rio Grande do Sul, numa cadeia jovem e que precisa se estruturar. Digo jovem em função do histórico, onde a cadeia estava organizada através de cooperativas e lanifícios, ou seja, o foco era a produção de lã. A partir da década de 80, a cadeia começou a se organizar em torno da carne. Por essa razão digo que não existe a cadeia, ela esta em construção. Um exemplo é a cadeia da bovinocultura de corte, que está se organizado há mais de 150 anos. Fiz questão desse comentário para posicioná-los sobre nossos objetivos com o Programa. Por isso falo de organizar a produção com ações dentro da porteira e organizar a comercialização, com ações voltadas à comercialização".

FarmPoint - O que é o Selo Nacional de Qualidade e qual é o objetivo dessa certificação?

Angelo - "Selo Nacional é uma ideia da ARCO, já que tratamos a iniciativa no RS como sendo piloto. O objetivo é ampliar para os demais estados, mas particularmente acredito que seja prematuro. Quanto ao objetivo da certificação, trata-se de definir um protocolo de produção, baseado em requisitos como: peso de carcaça, idade do animal, grau de engorduramento, respeito aos períodos de carência dos produtos veterinários, tempo de tosa pré-abate. Com isso, a ARCO padroniza o produto, vence os paradigmas da carne ovina (histórico ruim em função do abate de animais adultos voltados à produção de lã) e garante qualidade ao consumidor final. Podem surgir dúvidas sobre a questão da certificação propriamente dita, mas nesse caso trata-se de um protocolo voluntário, ou seja, não precisa de terceira parte. Por isso a ARCO pode fazer. Cabe ao consumidor reconhecer as qualidades e valorizar o produto. Acredito que estamos conseguindo isso".

FarmPoint - Como funciona a Rodada de Negócios de Ovinos do Sebrae/RS e como funciona a entrega para a indústria?

Angelo - "A Rodada é a forma com que conseguimos minimizar as preocupações do produtor, com a comercialização do produto. Ou seja, uma vez por ano, antes da safra, realizamos um encontro dos lideres dos grupos organizados e representantes de indústrias e varejos interessados em adquirir os animais. Nesse caso, temos um significativo ganho em escala, pois é diferente um produtor negociar com a indústria do que 70 produtores juntos barganharem preço e condição. Após essa aproximação, com tempo definido para cada comprador, os representantes do grupos voltam aos seus municípios e apresentam as propostas recebidas. Acontece a definição de cada grupo, de forma independente e só após essa definição, os lideres se reúnem para definir um único canal de comercialização. É importante que seja construído o consenso, pois existe a necessidade de monitoramento da comercialização junto ao varejo. Com vários parceiros isso seria inviável. Em 2007 foram 5 mil animais comercializados dentro do programa. Em 2008, foram 8 mil, em 2009 foram 12 mil e 2010 foram 20 mil animais. A entrega para a indústria acontece a cada 15 dias e de forma organizada, ou seja, os carregamentos são organizados por município, facilitando a logística. Todos os cordeiros do programa são brincados (identificados) e planilhados, de acordo sua previsão de abate. Isso facilita a organização de entrega".

FarmPoint - Você acredita que o mercado e os preços da carne ovina continuarão aquecidos após a entressafra?

Angelo - "É difícil de prever, mas temos vários indicativos que nos permitem projetar um ambiente futuro favorável. Um deles é a abertura de novos mercados para a carne ovina uruguaia, mercados que remuneram e que possuem consumo elevado. A Austrália vem sofrendo com as secas e consequentemente produzindo menos carne. A NZ estagnou e até reduziu. Por tudo isso, acredito que o mercado continuará favorável e o Brasil tem que se preocupar, primeiro, em ocupar o espaço da carne uruguaia no mercado interno. Depois aumentar o consumo interno e depois pensar em exportar. Ou seja, tem muita coisa para fazer. Saliento, que acredito que a carne ovina uruguaia tem feito mais benefícios do que prejuízos, pois estimula o consumo e não permite a substituição. Temos muito para avançar e carne uruguaia não é a vilã, pois segundo mencionado anteriormente, em pouco tempo não virá para o Brasil e temos que ter a cadeia organizada para ocupar o espaço".

FarmPoint - Na sua opinião, os produtores estão buscando produzir com mais qualidade e estão mais motivados com a alta dos preços?

Angelo - "Sim. O preço estimula a produção e os programas de carne de qualidade estimulam a profissionalização. Trata-se da organização que menciono! Mas não podemos esquecer de que a indústria tem papel fundamental e deve sim estimular tudo isso. O ganha/ganha deve existir No atual cenário, isso faz com que no RS o rebanho não continue caindo, o que já é uma grande conquista. Mas para crescer faltam outros aspectos como a motivação e a "rentabilidade na atividade". Aqui no RS, sempre associada a bovino".

FarmPoint - Como o Sebrae/RS está atuando em prol do desenvolvimento da ovinocultura?

Angelo - "No RS através de projetos coletivos, nas principais regiões produtoras do estado. Temos orçamento para investir tanto na capacitação técnica-gerencial, como no incentivo ao acesso a mercado. Para isso, formamos grupos de produtores e remuneramos técnicos para planejar o desenvolvimento de cada grupo (acompanhamento). Através da coordenação, nesse caso eu, fazemos programas que permeiam os grupos, ou seja, o Programa Cordeiro de Qualidade ARCO é um deles. Assim temos sinergia e promovemos a mudança".

Equipe FarmPoint

Avalie esse conteúdo: (5 estrelas)

Comentários

Nei Antonio Kukla

União da Vitória - Paraná - Consultoria/extensão rural
postado em 08/11/2010

Toda vez que me deparo com artigos, entrevistas e outras leituras que envolvem o Sebrae percebo que todas elas são de conteúdos técnicos, concedidas por profissionais com know wow suficiente para auxiliar a estruturar uma empresa, um ramo de atividade... Não foi diferente este sentimento em relação a entrevista concedida pelo sr. Angelo Aguinaga. Parabéns! Meu ponto de questionamento, não sei se é o termo correto, pois não se trata de nenhuma reclamação, mas sim de um anseio, é que infelizmente não encontramos ainda os serviços do Sebrae em todos os "cantos" do país. A algum tempo concentro esforços juntamente com outras atividades que tenho compromisso e razão do que não posso dar todo o gás na ovinocultura, mas dispenso algum tempo para tentar alavancar a ovinocultura em minha região, porém percebo que basta a figura do técnico sair um pouco de cena que tudo para. Neste sentido, gostaria muito de contar com a coloboração do Sebrae. A quem devo recorrer?

Enio Queijada de Souza

Brasília - Distrito Federal - Consultoria/extensão rural
postado em 09/11/2010

Amigo Angelo,

Parabéns pelas informações prestadas e sobretudo pelo trabalho desenvolvido no Rio Grande.

Um Estado que já teve mais de 12 milhões de ovinos precisa do profissionalismo e da dedicação que voce coloca no setor. Não esquecendo é lógico dos gestores de projeto, consultores e parceiros que farão a ovinocultura do RS retornar aos bons tempos do mecado aquecido e dos bons preços da lã.

Que a Arco, o Governo Estadual e as Cooperativas entre outros, possa contar com sua competência nessa caminhada, que com certeza, será modelo para outros Estados desse Brasil tão diverso e repleto de desafios e dificuldades.

Um abraço,

Denis

Pinhão - Sergipe - Produção de ovinos
postado em 10/12/2010

Parabéns ao SEBRAE e a todos o serviços que prestam aos produtores. Este orgão é de grande importância hoje para a ovinocaprinocultura. Um abraço ao Angelo, guerreiro!

Quer receber os próximos comentários desse artigo em seu e-mail?

Receber os próximos comentários em meu e-mail

Envie seu comentário:

3000 caracteres restantes


Enviar comentário
Todos os comentários são moderados pela equipe FarmPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

Copyright © 2000 - 2024 AgriPoint - Serviços de Informação para o Agronegócio. - Todos os direitos reservados

O conteúdo deste site não pode ser copiado, reproduzido ou transmitido sem o consentimento expresso da AgriPoint.

Consulte nossa Política de privacidade