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Panorama do mercado de ovinos do Peru

postado em 27/04/2009

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Situação atual

Pode-se afirmar que a pecuária ovina no Peru tem sido mais afetada por situações políticas, econômicas e sociais ocorridas durante os últimos 30 anos. Até 1968, cerca de 70% da população de ovinos, que era de 15 milhões de cabeças, estava nas mãos de empresas de alto e médio nível tecnológico. No processo de Reforma Agrária, 85% da população ovina nacional passou para as mãos de comunidades e pequenos proprietários, cujos baixos níveis tecnológicos de produção propiciaram uma tendência decrescente da produção de carne. Esta situação se agravou na década de oitenta, quando, devido aos efeitos do terrorismo, ocorreram grandes migrações do setor rural aos centros povoados ocasionando a descapitalização dessa pecuária.

Outros fatores aleatórios à produção ovina foram as fortes secas que afetaram a disponibilidade de pastos, que constitui sua única fonte de alimentação, já que 100% de sua produção estão no sistema extensivo.

Na década de noventa, observa-se uma ligeira recuperação da pecuária ovina, com uma taxa de crescimento de 1,73%, passando de 12,2 milhões de cabeças para 14,2 milhões. Devido a isso, tem-se aumentado tanto os abates como a produção de carne, que aumentou de 23,8 mil toneladas para 29,8 mil toneladas, com uma tendência crescente de 2,5% anual durante o período de 1990-1999.

Como consequência dos baixos níveis tecnológicos da produção, pouco se espera de melhora dos aumentos de produtividade e dos rendimentos em carne, que estão em 11,3 e 12,5 quilos em carcaça dos animais beneficiados.

As importações de carne ovina não têm tido efeito sobre a demanda, ficando o consumo per capita em torno de 0,8 a 1,2 quilos a nível nacional. Destaca-se que a carne ovina é de importância no setor rural por ser uma das poucas fontes de proteínas de origem animal.

População e produção nacional

A população de ovinos o ano de 2003 era de 14,1 milhão, aumentando em 18% no período de 1993 a 2003. Encontram-se na serra do Peru 96,2% dos ovinos, sob criação extensiva, e 25% da população ovina se encontra em propriedade de empresas associativas como as Sociedades Agrícolas de interesse social SAIA, Cooperativas Agrárias de Produção, Empresas Rurais de Propriedade Social e produtores medianos.

A tendência da produção de lã e de carne é levemente crescente, apesar da diminuição dos preços reais da lã e da carne a nível de produtor, insuficiente assistência técnica, despovoamento do setor rural, baixo nível tecnológico e uso inadequado dos recursos naturais (pastos e água).

A criação de ovinos se encontra concentrada principalmente a nível de pequenos produtores em sistemas extensivos com pastos naturais nas regiões alto-andinas e com resíduos de colheitas e ervas daninhas a nível dos vales costeiros, inter-andinos e das vertentes. A nível de criação familiar predomina o ovino Crioulo, com boa rusticidade, mas baixos níveis produtivos de lã e carne. O sobre-pastoreio é um problema muito comum nessas criações.

No entanto, existe um grupo de empresas rurais que tem conseguido um nível aceitável tecnológico e rebanhos de maior tamanho que nas criações familiares, que lhes permite ter uma economia de escala. Assim, temos a SAIS Pachacutec e a SAIS Tupac Amaru, na região central, a primeira com uma população aproximada de 80.000 cabeças de ovinos Corriedale e a segunda com 130.000 cabeças da raça Junín.

Além disso, existe uma diversidade de formas empresariais comunais como as granjas comunais, as cooperativas comunais, as empresas comunais e os comitês pecuários das comunidades, com populações de ovinos que variam entre 1.000 e 12.000 ovinos.

Assim também existem alguns criadores particulares que mantêm plantéis de ovinos Corriedale e Hampshire, localizados principalmente no departamento de Puno. Essas criações se desenvolvem nas regiões alto-andinas entre os 3.800 a 4.200 metros acima do nível do mar.

Nas últimas décadas, os ovinos de pelo, entre eles a raça Blackbelly de Barbados (BBB), expandiram-se na região de selva, para logo povoar a costa Centro e Norte do Peru. Essa raça apresenta característica poliestral anual, prolificidade e precocidade sexual, mas no entanto, requer melhoramento de suas aptidões maternas e produção de leite. Como alternativa de solução se encontra em processo a formação da raça sintética ASBLACK.

O abastecimento de carne de ovino, segundo dados oficiais, para o ano de 2006, foi de 33.894 toneladas de carne, mantendo-se nesse nível nos últimos cinco anos. As importações representam 1,2% da produção nacional.

Observa-se uma ligeira recuperação na produção de lã e, a partir de 1997, registram-se exportações, ainda que não por uma melhora dos preços internacionais, mas sim, por uma tendência ao uso de roupas confeccionadas com produtos naturais. De 1985 a 1999, ocorreu uma diminuição de 1.500 toneladas e, a partir desse ano, reporta-se um aumento de 2.136 toneladas e uma tendência positiva de 2,2%. A produção de lã suja em 2003 foi de 12.500 toneladas, sendo 60-70% desse produto destinada principalmente à indústria têxtil nacional.

Quanto aos Departamentos, Puno tem a maior participação, com 42% da lã produzida no país. Em ordem de importância, seguem Huanuco (9,8%), Huancavelica (8%) e Pasço (8%), ainda que sua produção esteja dirigida principalmente ao consumo local e artesanatos.

Internacionalmente, Austrália, China e Nova Zelândia são os principais produtores de lã a nível mundial. Depois da crise de lã no mundo, iniciada em 1990, a competição com a fibra sintética, a produção de lã e a população de ovinos do Peru se reduziu em 15% nos últimos 15 anos. No entanto, os preços da lã super-fina limpa aumentaram, de 527 a 769 dólares australianos por quilo, chegando a US$ 22,08.

Principais raças

Crioulo. Sua principal característica é ser uma raça de fenótipo muito variado, alta rusticidade e média prolificidade. É de baixo nível de lã e carne. Tem reportado valores médios de peso do velo de 1,5 quilos, peso vivo de 27 quilos para ovelhas e de 35 quilos para carneiros. Atualmente, constitui-se a raça ovina de maior população do Peru.

Corriedale. Raça originária da Nova Zelândia. Tem dupla aptidão, para produção de carne e lã. Além disso, possui uma boa conformação muscular, força, rusticidade e pigmentação negra nos olhos, lábios e cascos. Encontra-se muito difundida entre os rebanhos ovinos dos departamentos de Junín, Pasco e Puno.

Junín. Raça peruana formada no Departamento de Junín, a partir do ano de 1955. Tem dupla aptidão, mas o velo é mais fino que da Corriedale. Além disso, apresenta uma boa precocidade, conformação muscular, grande força, peito amplo e profundo que ressaltam sua habilidade para produção de carne.

Hampshire Down. Raça originária da Inglaterra, pertencente ao grupo de raças de cara negra. É uma raça especializada na produção de carne, mas as carcaças apresentam um alto teor de gordura. Por isso, os carneiros desta raça são utilizados para o cruzamento industrial com ovelhas Corriedale e Junín, para a produção de cordeiros em sistemas de alimentação com pasto cultivado. Encontra-se difundida nas regiões alto-andinas dos departamentos de Junín, Cerro de Pasco, Puno e nos vales dos departamentos de Arequipa, Moquegua e Tacna.

Black Belly. Raça de ovinos de pêlo originária da ilha de Barbados na América Central. Caracteriza-se por sua boa prolificidade, poliestricidade anual e precocidade reprodutiva. Encontra-se muito difundida na Selva, Costa Norte e Centro do Peru.

Assaf. Raça originária de Israel, de aptidão de carne e produção de leite. Foi introduzida no Peru com o fim de ser utilizada na formação da raça Assblack. Pode-se encontrar exemplares puros de Assaf na Universidade Nacional Agrária La Molina e no rebanho de Rigoranch.

Asblack. É uma raça sintética, em processo de formação no Peru, pelo engenheiro Rigoberto Calle. O grau de sangue que se busca estabilizar é de ¼ BBB e ¾ Assaf. Esta raça pretende reunir as características de habilidade materna, produção de leite e conformação de carne da Assaf com as poliestricidade e prolificidade da BBB, resultando em um ovino capaz de ser utilizado na produção intensiva de carne de cordeiro.

Principais produtos

Lã: a produção de lã nos últimos 15 anos tem tido um progresso importante e significativo no Peru por diferentes razões, além das já expostas no caso da população e produção de carne. De fato, a escassa disponibilidade de recursos alimentícios forrageiros de qualidade, mudanças da propriedade por causa da Lei de Reforma Agrária, problemas sociais produzidos pelo terrorismo, soma-se a paralisação no melhoramento genético para elevar a qualidade de lã, a ausência de recursos do setor rural para introduzir germoplasma de qualidade genética elevada, falta de capacitação e assistência técnica para melhorar os níveis de produção e, o que tem tido o maior impacto nas empresas organizadas, como as SAIS, são os baixos preços dos mercados internacionais de lã, o que praticamente levou a uma profunda depressão, crise e colapso.

Na última década, tem-se evidenciado um menor interesse em melhorar a produção de lã no país, devido principalmente à redução dos preços internacionais de lã, o que tem afetado significantemente a rentabilidade desta criação a nível de empresas rurais.

Carne: este produto se caracteriza por sua boa qualidade nutricional. Estima-se que tenha um valor nutricional médio para a carne magra de 18,2% de proteína, 12,5% de gordura e, para a carne semi-gorda, de 16,5% de proteína e 26,4% de gordura. As carcaças de ovinos se classificam de acordo com o Regulamento Tecnológico de Carnes.

Peles: as peles constituem um subproduto de criação, estimando-se que existe uma perda altíssima delas pela não aplicação de técnicas de conservação. Na Nova Zelândia, uma pele curtida se vende a mais de US$ 50, preço que supera os US$ 34,3 o valor econômico de venda de uma carcaça de 15 quilos no Peru. Os produtores do Peru recebem menos de US$ 1,4 por pele fresca (Mesías, 2000), e não contam com infra-estrutura instalada para potencializar o processamento de peles.

Alimentação do rebanho

O ovino é um ruminante, de forma que sua alimentação deverá ter uma base de forrageiras e, adicionalmente, suplementa-se com concentrados.

A alimentação de ovinos em pastos naturais é feita com rotação de pastagens e da carga animal, de acordo com a condição dos pastos. As pastagens de condição excelente apresentam uma carga ótima de 4 unidades ovinos/ha e as de condições muito pobres de 0,25 unidades de ovinos/ha (Florez e Malpartida, 1988). Os pastos cultivados como a associação ryegrass-trébol são usados para a alimentação do gado de plantel e engorda de ovinos para abate, dependendo da condição da pastagem e da época, podendo suportar uma carga de 20 a 40 unidades de ovinos/ha.

Na Costa, os ovinos se alimentam com os resíduos de colheita e pasto de corte como milho e king grass. Durante a etapa de lactação e crescimento dos ovinos, sua alimentação deve ser complementada com feno de leguminosas e/ou suplementação com concentrado de aproximadamente 15% de proteína e 55% de nutrientes digestíveis totais (NDT).

Sanidade do rebanho

As principais doenças infecciosas que afetam o rebanho ovino do Peru são: pneumonia, ectima contagioso, poliadenomatose pulmonar, brucelose ovina e enterotoxemia.

As principais doenças parasitárias que afetam o rebanho ovino do Peru são: sarna, parasitose pneumogastrointestinal, falso carrapato, oestrose, distomatose hepática e pediculose.

As principais doenças metabólicas que afetam o rebanho ovino do Peru são: timpanismo, toxemia da prenhes e acidose.

Os dados desse relatório são do Ministério da Agricultura do Peru (www.minag.gob.pe), traduzidas e adaptadas pela equipe FarmPoint.

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