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Qual o valor energético dos compostos orgânicos de sua silagem?

POR RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

E THIAGO BERNARDES

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 06/02/2013

3 MIN DE LEITURA

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No processo de conservação de forragens o principal desafio é minimizar o processo de perdas que ocorre dentro do silo, principalmente durante a fermentação da forragem e no período de pós abertura do silo. Grande parte de trabalhos publicados são os relacionados ao uso de bactérias específicas, as quais são benéficas ao processo de fermentação por produzirem durante sua fermentação, ácido lático, o qual é o grande responsável pela redução do pH e estabilização da silagem. Assim, com a queda rápida de pH no silo, todas as fermentações são interrompidas, reduzindo o processo de perdas quando se compara uma silagem não inoculada. A principal bactéria para esta ocorrência são as homoláticas, as quais somente produzem ácido lático em sua rota metabólica.

Um segundo avanço no uso de inoculantes ao processo de ensilagem foi o uso de bactérias que permitem que a silagem, após o momento de sua abertura não se aqueça, permitindo flexibilizar o manejo da propriedade, mais principalmente reduzindo as perdas de matéria seca no pós abertura e mantendo a qualidade nutricional da silagem sem a ocorrência da deterioração aeróbia causada principalmente pela oxidação de compostos solúveis da silagem e até mesmo dos ácidos produzidos ao longo do processo de fermentação (as leveduras consomem o ácido lático produzido durante a fermentação). A principal bactéria para esta ocorrência é o Lactobacillus buchneri.

A grande novidade que até então não era expressa nos trabalhos científicos se refere ao valor energético proveniente das silagens.

O que é isso?

O valor energético de silagens não é compreendido somente pela quantidade de açúcar, amido e outros carboidratos, mais também os compostos orgânicos produzidos durante a fermentação são fonte de energia para os animais.

Será que os valores são os mesmos para todas as silagens?

Dependendo das bactérias presentes na silagem, os compostos orgânicos produzidos serão diferentes e suas proporções também. Isso explica o porque de se existirem diferentes cheiros nas silagens. Esse cheiro será dependente de quais compostos foram produzidos pelas bactérias durante a fermentação.

E a formulação da dieta, pode ser afeta com alteração na composição desses compostos?

A formulação da dieta pode ser alterada quando encontramos proporções e quantidades distintas desses compostos. Um exemplo bem claro é quando acaba a silagem na propriedade e existe necessidade de fornecer o milho in natura. Geralmente, a observação é de diarreia nos animais. A explicação para esse fenômeno é que os compostos orgânicos da silagem são fonte direta de energia para o ruminante e na ausência desses compostos o animal perde parte da energia que estava consumindo, o que altera a fermentação ruminal e se observa queda na produção de leite.

Um exemplo interessante é apresentado nas Tabelas 1 e 2, onde pesquisadores da Alemanha confeccionaram quatro tipos de silagem de sorgo, diferindo apenas no emprego de diferentes inoculantes, os quais apresentavam diferentes bactérias.

Tabela 1. Composição dos ácidos orgânicos em silagem de sorgo (% MS)



Um dos principais ácidos produzidos durante o processo de fermentação é o ácido lático. Este é o ácido mais forte produzido durante o processo de fermentação, o qual tem grande função de redução do pH. O que pode ser obsevado na Tabela 1 é que com o uso de uma bactéria heterolática (Lactobacillus buchneri), a concentração de ácido lático se reduz frente a uma silagem inoculada somente com uma bactéria homolática (Lactobacillus plantarum) ou a silagem que não foi inoculada. Apesar de ocorrer essa queda em termos de ácido lático, o pH se manteve abaixo de 4,0, ou seja, a quantidade de ácido lático produzido por essa bactéria foi suficiente para a queda do pH. Porém, o grande benefício que se observa com o uso dessa bactéria são os aumentos nos teores de ácido acético e de 1,2 – propanodiol.

Quando se realiza o cálculo do valor energético de 1 kg de matéria seca para os diferentes tratamentos, verifica-se que quando se faz a associação entre uma bactéria homolática e heterolática, o valor energético da silagem se eleva em 56,4% frente à silagem somente inoculada com L. plantarum e 3,8% com a silagem inoculada somente com a bactéria heterolática.

Tabela 2. Valor energético dos compostos orgânicos provenientes da fermentação de diferentes silagens de sorgo



Assim fica a dica, a silagem que o ruminante ingere tem muito mais além de proteína bruta, fibra bruta, extrato etéreo, amido e etc. Essas silagens têm compostos orgânicos que são prontamente utilizados no rúmen pelas bactérias, muitos outros são absorvidos diretamente para o metabolismo animal e, são rapidamente transformados em energia direta para o animal.

RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

Zootecnista pela Unesp/Jaboticabal.
Mestre e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP.
Gerente de Nutrição na DeLaval.
www.facebook.com.br/doctorsilage

THIAGO BERNARDES

Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA) - MG.
www.tfbernardes.com

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RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 03/04/2013

Prezado Fernando,



Quando falamos em valor energético estamos falando no sistema completo. Muitos ácidos orgânicos são absorvidos diretamente via parede ruminal, sendo que os mesmos contribuirão como fonte de energia não no rumen, mais sim a, chegando ao fígado via corrente sanguinea.



O ácido lático no rumen tem capacidade de ser gerador de energia no rumen pois o mesmo pode ser convertido a acido propionico.



Para animais consumindo maior quantidade de compostos orgânicos, isso pode ser benéfico em relação a absorção direta. Vamos fazer apenas uma comparação: o que acontece quando substituimos a sialgem por um alimento in natura, por exemplo, quando se acaba a silagem na propriedade e o produtor inicia cortando o milho in natura. Ocorre um desbalanço na alimentação do animal, o que geralmente visualizamos com diarreia, etc.



Na minha opinião, os compostos orgânicos contribuem de grande forma para o ruminante e devemos estar atentos a constituição dos mesmos na silagem.



Atenciosamente



Rafael Amaral






FERNANDO ALBERTO JACOVACI

PESQUISA/ENSINO

EM 02/04/2013

Prezados,



Tenho uma dúvida..

No exemplo que foi apresentado na tab.2 quando associado microorganismos homolático com heterolático, o resultado foi em maior valor energético para essa combinação, ou seja, a concentração de ácido acético e lático aumentou! correto?

Porém eu uma literatura consultada 2º workshop sobre silagem de milho, diz que conforme a concentração de ácido lático cai (isso no processo de fermentação da silagem), e a proporção de compostos orgânicos aumenta,  limita a sintese de proteina microbiana no rúmen!

A dúvida é, qual composto na verdade que é capaz de gerar maior valor energético? pois nesta literatura diz que apenas o ác. lático é capaz de gerar ATPs para crescimento de m.org. no rúmen! mas diverge do que diz no resultado apresentado na tabela 2, é isso? e para vacas recebendo dietas de alta produção essa quantidade de compostos organicos não seria irrelevante? assumindo que há dentro do rúmen uma grande produção dos mesmos?



Obrigado, muito interessante esses artigos publicados pelos senhores, está sendo de grande importância, para o aprendizado de aplicar a teoria na prática!



Abraço
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 27/02/2013

Prezado Maikon,



Suas afirmações estão corretas. Na analise bromatologica convencional parte dos compostos são perdidos na secagem da forragem, o que reduz em parte a energia e o conteudo de matéria seca da silagem.

Att

Rafael Amaral e Thiago Bernardes
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 18/02/2013

Prezado Paulo,



Acredito que com relação ao etanol o grande prejuízo está relacionado a sua alta volatilidade, ou seja, esse composto é facilmente perdido.



Um fato interessante com relação ao etanol é que o ruminante não sofre rejeição pelo mesmo. Esse mês esta sendo publicado um experimento no Journal of Dairy Science um experimento realizado pela ESALQ onde foram tratadas vacas de alta produção com etanol. A grande resposta foi que os animais ao invés de reduzir consumo, tiveram sua ingestão aumentada.



Talvez a grande explicação para rejeição de silagens possa estar relacionada com o produção de certos esteres, os quais fazem com que o consumo seja reduzido.



Os avanços em cromatografia estão permitindo um avanço nessa área que provavelmente será o grande foco das pesquisas nos próximos anos.



Atenciosamente



Rafael & Thiago
PAULO R. F. MÜHLBACH

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/02/2013

Cumprimento os autores pelo enfoque mais científico de avaliação energética de silagens.



Normalmente a fermentação no silo "rouba" energia que poderá faltar para os microrganismos do rúmen, ao transformar os açúcares solúveis da planta ensilada, preferencialmente, em ácido lático, o qual ainda é fonte de energia para esses microrganismos do rúmen, ao ser transformado em ácido propiônico, por sua vez, nutriente importante para a vaca e precursor da lactose do leite.



Não há dúvida que compostos orgânicos que podem estar presentes nas silagens, como o etanol e 1,2 propanodiol apresentam um calor de combustão (medido em laboratório através de bomba calorimétrica) superior ao dos ácidos lático e acético, porém fica a dúvida até que ponto esse maior valor energético bruto corresponde a mais energia disponível para a fermentação no rúmen. E a grande demanda do rúmen é o contínuo suprimento de energia fermentável.



Quer dizer, fica a dúvida se uma silagem rica em etanol, como pode ser a silagem de cana de açúcar, traz vantagens para a fermentação no rúmen da vaca. Aliás, há trabalhos demonstrando um efeito negativo de altos teores de etanol até sobre o consumo dessas silagens.
THIAGO GOLEGA ABDO

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/02/2013

Parabéns pelo artigo, realmente muito interessante, e muitas das vezes não levamos em conta esses pequenos detalhes e que fazem toda diferença na formulação de dietas. Daí a importância de se fazer SEMPRE a análise bromatológica dos alimentos que estamos ou vamos trabalhar. Outro ponto importante é com relação silagem depois de aberta, pois perdemos muita silagem alterando também seu valor nutritivo, ponto chave seria o manejo pós abertura de silo e capacitar a mão de obra que está trabalhando, pois um manejo inadequado pode fazer sua formulação ir por "água a baixo".
CECILIO BALBINO

FEIRA DE SANTANA - BAHIA

EM 06/02/2013

E quanto a conservação pós abertura, usando bactéria heterolática haverá aquecimento capaz de gerar perdas?

poderia ser usado dois tipos de bactéria, Ou não é recomendado?

Caso seja possível, é viavel?

E quanto ao material ensilado, seja sorgo, milho, cana ou capim elefante, os resultados serão os mesmos?

Obrigado.

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