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A necessidade de ganhos em produtividade

POR CARLOS HENRIQUE PIZARRO BORGES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/12/2006

4 MIN DE LEITURA

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O retorno econômico das atividades agropecuárias depende de dois fatores: produtividade e relação de troca. A produtividade mede a eficiência de utilização dos fatores de produção, comparando a quantidade de produto produzida com a quantidade de insumo utilizada. Já a relação de troca mede o poder de compra do produtor, comparando o preço de venda do produto com o preço de compra do insumo.

As relações de troca do setor agropecuário brasileiro podem ser calculadas a partir das séries de preços pagos e recebidos pelos produtores rurais, construídas pela Fundação Getúlio Vargas com apoio das empresas estaduais de extensão rural, num processo de coleta de dados que abrange aproximadamente 2.500 municípios.

O Índice de Preços Recebidos (IPR) reflete o comportamento médio dos preços recebidos pelo produtor de algodão, arroz, feijão, milho, soja, trigo, boi gordo, leite, suínos e aves, entre outros. O Índice de Preços Pagos (IPP) reflete o comportamento médio dos preços dos principais insumos agrícolas pagos pelo produtor (excluindo as despesas de frete), tais como fertilizantes, herbicidas, máquinas, combustíveis, sementes, mão-de-obra e outros.

Análises têm mostrado um achatamento nos preços recebidos pelo setor primário e uma elevação nos preços dos insumos, havendo uma diminuição do poder de compra do produtor. Observe o gráfico 1. Ele representa as mudanças relativas entre Índice de Preços Recebidos (IPR) e o Índice de Preços Pagos (IPP) para o setor agropecuário brasileiro entre janeiro de 2000 e maio de 2006.

Gráfico 1: Relação entre o Índice de Preços Recebidos (IPR) e o Índice de Preços Pagos (IPP) para o setor agropecuário brasileiro entre janeiro de 2000 e maio de 2006 (base 100 em janeiro de 2000).


Fonte: elaborado a partir dos dados disponíveis em https://www.conab.gov.br/conabweb/download/indicadores/indicadores%20econ%f4micos.xls>.

Observe que a partir de maio de 2004 a relação de troca (IPR/IPP) apresenta uma forte tendência de queda, significando perda no poder de compra do produtor. Em maio de 2006, a relação de troca (IPR/IPP) apresentou o menor valor dos últimos seis anos, ficando 18,5% abaixo do observado em janeiro de 2000.

Entre janeiro de 2000 e maio de 2006, o IPR subiu 66,31 % enquanto o IPP acumulou variação de 104,10 %. Se for considerada a inflação do período, medida pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), entre janeiro de 2000 e maio de 2006 o IPR diminuiu 10,8% e o IPP aumentou 9,4%.

Em outras palavras: os custos de produção têm subido acima dos preços de venda dos produtos agropecuários. O produtor que nesse período não aumentou a produtividade o suficiente para compensar a queda nos termos de troca teve dificuldades em sobreviver.

Um artigo publicado recentemente apresenta informações que reforçam esta idéia. Intitulado "Tendência histórica de preços pagos ao produtor na pecuária do Rio Grande do Sul, Brasil", o artigo é de autoria de Renato Santos de Souza, João Garibaldi Almeida Viana e Anderson Bortoli, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS.

No artigo, os autores analisaram a evolução histórica dos preços pagos ao produtor dos principais produtos pecuários do Rio Grande do Sul nas últimas três décadas (carnes bovina, ovina, suína e de frango, ovos e leite bovino).

A pesquisa foi realizada com base no histórico de preços médios mensais pagos ao produtor, coletados pela Emater/RS, abrangendo o período de janeiro de 1973 a dezembro de 2004. Após fazerem as correções monetárias necessárias nos preços nominais históricos relativas aos diferentes planos econômicos, os autores deflacionaram os preços de cada mês de forma a atualizá-los para valores equivalentes a dezembro de 2004, utilizando o IGP-DI.

Os autores concluíram que todos os produtos pesquisados apresentaram uma desvalorização significativa em seus preços reais entre os anos de 1973 e 2004, com tendência declinante até 1994, sendo que o período entre o início da década de 80 e meados da década de 90 foi o de maior declínio nos preços (tabela 1 e gráfico 2).

Tabela 1. Preços reais médios (R$) pagos ao produtor, atualizados para dezembro de 2004 (IGP-DI), dos principais produtos da pecuária gaúcha.


Fonte: adaptado de Souza,R.S.; Viana, J.G.A. e Bortoli, A. Tendência histórica de preços pagos ao produtor na pecuária do Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência Rural, set./out. 2006, vol.36, no.5, p.1511-1517.

Gráfico 2. Preços reais médios (R$) pagos ao produtor, atualizados para dezembro de 2004, dos principais produtos da pecuária gaúcha.


Fonte: elaborado a partir dos dados disponíveis em Souza,R.S.; Viana, J.G.A. e Bortoli, A. Tendência histórica de preços pagos ao produtor na pecuária do Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência Rural, set./out. 2006, vol.36, no.5, p.1511-1517.

Observe que em dezembro de 2004 os produtores gaúchos receberam, pela venda de seus produtos, preços reais até 73,38% inferiores aos recebidos em janeiro de 1973, como no caso do frango.

Além disso, os autores concluíram que o período pós-Plano Real foi marcado por uma estabilização dos preços reais da maioria dos produtos analisados, exceto dos preços de produtos da ovinocultura, que apresentaram tendência de elevação no período.

Ainda segundo os autores, o caso dos produtos da ovinocultura é particular e se explica muito mais pela dinâmica da própria atividade do que pela dinâmica macroeconômica. Particularmente em função da crise da lã, a ovinocultura passou por uma redução significativa em seu rebanho após a década de 90, o que se refletiu em redução na oferta de carne ovina e em elevação dos preços.

Estes fatos têm sido verificados em todos os mercados mundiais e não é diferente do que está acontecendo com a agropecuária no Brasil, onde as margens de lucro estão cada vez mais reduzidas. Assim, para obterem os mesmos resultados, os produtores ficam cada vez mais na dependência do aumento da produtividade.

Referências
Indicadores econômicos. Disponível em
<https://www.conab.gov.br/conabweb/download/indicadores/indicadores%20econ%f4micos.xls>. Acesso em: 26/11/2006.

Souza,R.S.; Viana, J.G.A. e Bortoli, A. Tendência histórica de preços pagos ao produtor na pecuária do Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência Rural, set./out. 2006, vol.36, n.5, p.1511-1517.

CARLOS HENRIQUE PIZARRO BORGES

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