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Segmentos de distribuição e consumo na cadeia da ovinocultura brasileira

POR LETICIA DE ABREU FARIA

E DANIELLE JESUS DA SILVA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/09/2006

9 MIN DE LEITURA

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A cadeia de ovinocultura brasileira encontra-se em crescimento, ainda de forma desorganizada. Assim, há necessidade dos produtores de ovinos assumirem seu papel junto aos demais componentes da cadeia, propondo parcerias, negociando melhores preços, prazos, condições de pagamento e relações no mercado e fornecendo produtos padronizados, de qualidade, com fornecimento regular. É interessante para todos os elos da cadeia o esforço integrado que vai desde a forma de produção até o marketing ao consumidor.

No segmento de distribuição da carne ovina encontram-se agentes responsáveis pela colocação dos produtos à disposição dos consumidores e dos intermediários, representados pelos processadores-distribuidores (frigoríficos e abatedouros), supermercados, casas e boutiques de carnes, açougues, restaurantes, feiras livres, empresas importadoras de carne de ovinos do Mercosul e Chile, além, de restaurantes e churrascarias. Os abates clandestinos, na maioria das vezes não possuem intermediação, realizando a venda diretamente do produtor para o consumidor.

O local de distribuição, conforme o quadro abaixo, esta altamente relacionado ao nível sócio-econômico dos consumidores, o que deixa explícito que o local mais apropriado para a venda da carne ovina, atendendo a maior parte dos consumidores, é o supermercado.
 

 


Quadro 1. locais de venda de carne ovina

O processamento informal, conhecido como "frigomato" (abate clandestino), ainda é um fator limitante para a melhoria das relações contratuais entre o distribuidor e o 1º processamento, haja vista que, nesta transação, não existem ainda, marcas consolidadas no mercado e nem uma fiscalização ou vigilância sanitária eficaz. A principal conseqüência desse fato é uma pressão nos preços para baixo e uma redução das margens de lucro dos frigoríficos.

Uma pesquisa foi realizada nas cidades de Pirassununga e Santos - SP, sendo na primeira em um pequeno mercado enquanto na segunda, em um estabelecimento de grande porte, filial de uma grande rede de supermercados. É importante também notar a diferença do contingente populacional entre as duas cidades, sabendo-se que a população estimada em 2005 pelo IBGE em Pirassununga é de 69.950 habitantes, sendo Santos superior com 418.316 habitantes.

A pesquisa consistiu em levantar alguns dados sobre a carne ovina comercializada nos estabelecimentos de pequeno e grande porte. Assim foram elaboradas algumas questões como preço, formas de comercialização, procedência e métodos de abate, e direcionadas aos funcionários.

Concluiu-se com a pesquisa que, em estabelecimentos pequenos, há a comercialização de carcaças de origem desconhecidas, ou seja, oriundas de abates clandestinos, que não possuem uma marca certificada, com valores inferiores as de abatedouros ou frigoríficos regulamentados (R$ 12,00/ kg) e são comercializadas com menor disponibilidade de cortes atendendo uma população com menor poder aquisitivo.

Por outro lado, estabelecimentos de grande porte apresentam carne de origem confiável, atendem uma grande parcela dos consumidores, apresentam maior diversidade de cortes e com maior preço (em média R$ 16,00) devido os processamentos e a qualidade assegurada.

O preço de varejo alcançado pela carne de cordeiro ultrapassa com freqüência o valor de R$ 100,00 a arroba, enquanto a carne de animais adultos oscila entre R$ 70,00 e R$ 80,00 a arroba. Devido a este diferencial no preço, os esforços das entidades de pesquisa e de assistência técnica no Brasil estão voltados para o desenvolvimento de tecnologias que possibilitem a produção de animais precoces, prontos para abate aos seis meses de idade e capazes de alcançar no mercado uma melhor remuneração.

A demanda por carne de ovinos, em cortes padronizados ou produtos processados, embalados e comercializados de forma resfriada ou congelada, vem apresentando crescimento considerável nas grandes cidades do Nordeste e do Sudeste do Brasil, principalmente nas áreas habitadas pelo segmento populacional detentor de maior poder aquisitivo.

O consumidor exige cada vez mais produtos de qualidade e deve ser atendido através da oferta de cortes especiais, de novos e exclusivos produtos elaborados, a preços mais acessíveis. O consumidor de alta renda busca consumir um produto diferenciado pelo sabor e qualidade, seja para o consumo no lar, nos restaurantes, hotéis ou similares.

No Nordeste o consumo ainda é classificado como baixo em decorrência da qualidade inferior do produto ofertado, que é resultante de deficientes critérios de seleção dos animais para o abate, estocagem e comercialização das carnes e do baixo nível de higiene nas operações de abate e comercialização, tendo verificado alguns comércios varejistas fornecendo a carne aos consumidores sem o uso de embalagem, o que expressa a baixa qualidade dos produtos em termos de higiene.

Outros fatores limitantes afetam a comercialização da carne de ovinos, podendo-se destacar: a falta de padronização de carcaças, em razão do baixo padrão racial dos rebanhos; a irregularidade no fornecimento de carne e derivados ao mercado; o abate clandestino, que concorre deslealmente com frigoríficos industriais; a ausência de promoção comercial e os elevados preços praticados no mercado, impossibilitando a abertura de mercado e reduzindo a competitividade com os produtos concorrentes.

A oferta de carne ovina oriunda de animais abatidos em frigoríficos industriais licenciados pelos Serviços de Inspeção Federal (SIF) ou Inspeção Estadual (SIE), determina um fator importante para o crescimento da demanda, assegurando aos produtos industrializados um elevado padrão de qualidade sanitária.

Segundo SEBRAE/CE (2003), observa-se que está ocorrendo uma outra mudança mercadológica importante, com a utilização de cortes especiais nas carnes de ovinos e caprinos, embora a carcaça inteira e pernil sejam os principais tipos de cortes que a maioria dos consumidores adquire. A compra da carcaça inteira é mais freqüente nos frigoríficos, enquanto que a compra do pernil predomina nos demais ramos, como restaurantes, hotéis e churrascarias.

Além do esforço direto às cadeias de supermercados e outros agentes do comércio, também deverá ser levada à população em geral a informação precisa e diversificada, que assegure a disposição de testar uma alternativa alimentar saudável e economicamente vantajosa.

A indústria da carne ovina tem como alvo um mercado em plena expansão que até pouco tempo se caracterizava ou como "mercado de subsistência", no qual o produtor não conseguia ter excedentes para venda, ou, em âmbito nacional, como "mercado de carnes exóticas". Não havendo oferta suficiente a preços adequados, não se conseguiu estabelecer o hábito de consumo, como conseguiram as carnes de frango, bovino e suíno, que passaram a fazer parte do cardápio diário da população brasileira em geral.

Os produtos industrializados e os pratos preparados possuem os clientes potenciais dessa indústria, que são as grandes redes de supermercados, os restaurantes e hotéis; as casas de delicatessens, as lojas de conveniências, etc.

Os consumidores caracterizados pelo alto nível de exigência com a qualidade, (público de classes A e B), que é muito bem informado, estará sempre atento à qualidade do produto expressa no processo de produção e embalagem. Enquanto o Nordeste continuará por algum tempo consumindo produto de qualidade inferior, comprado em feiras e açougues sem rígido controle sanitário, uma vez que esta é a tradição local e que demandará muito esforço para mudar a consciência da população.

A questão promocional assume grande importância, na qual o marketing deveria explorar o baixo teor de colesterol da carne e a característica de fácil digestibilidade. Isto representa um fator importante de atratividade de mercado, visto que o apelo de saúde sempre influi de forma relevante no comportamento do consumidor, especialmente naqueles de nível cultural mais elevado, concentrado inicialmente nas classes A e B.

As classes populares virão oportunamente em conseqüência, conforme tem ocorrido em todos os processos de formação de opinião pública e desenvolvimento de mercados desenvolvidos no Brasil.

Além destes mercados, encontra-se no Brasil significativo contingente populacional de descendência Árabe, cerca de 8 milhões de habitantes, entre eles 2 milhões são muçulmanos, habitando, sobretudo, a região Sudeste. Estes poderão ser consumidores potenciais da carne ovina produzida no mercado interno, desde que o processo de abate realize o método exigido.

O consumo per capita de carne ovina no Brasil foi estimado em 0,7kg, pouco representativo em relação ao consumo das carnes bovina, frango e suína. A relação do consumo per capita mundial é bastante desigual, mostrando que o consumo está intimamente relacionado com o hábito alimentar e não com a renda da população dos países.

O aumento no consumo interno resultou em crescimento das importações de carne ovina. Para o abastecimento do mercado interno o Brasil vem importando ovinos para abate, carcaças de ovinos resfriadas ou congeladas e carne desossada, resfriada ou congelada, tendo importado em 2000 até 8.216,4 toneladas em carcaças.

A importação de carcaças de ovinos, fresca ou congelada, com osso ou desossada, vem aumentando e a tendência do mercado é de aumentar o consumo de carne fresca ou resfriada em substituição à carne congelada. Isso favorece as regiões que possam manter maior presença de mercado durante maior número de meses possíveis do ano.

Existe um grande espaço para a expansão do consumo de carne ovina no mercado de carnes, porém, seria interessante e necessário o conhecimento sobre a capacidade de consumo que o Brasil teria possibilitando a melhor organização da cadeia. Porém não há previsões sobre esta informação.

Órgãos de fomento, pesquisa e extensão necessitam de primeiro ouvir todos os segmentos dessa cadeia, para somente depois traçar as metas e planos de ação. As formas de associativismo colaboram na organização, fortalecimento e dão credibilidade às atividades agropecuárias e agroindustriais.

Em suma, o sistema agroindustrial da carne ovina necessita urgentemente de planejamento estratégico, construído de forma conjunta e não como ações isoladas e por muitas vezes inócua para a cadeia como um todo, satisfazendo apenas uma pequena minoria envolvida.

Referências bibliográficas

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JULIANO CUNHA

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/01/2007

Parabéns! Excelente material!
RODRIGO SIQUEIRA RIVERA

IMBAÚ - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/09/2006

Caras Letícia e Danielle,
São artigos deste nível que esperamos encontrar sempre neste site.
Parabéns, continuem assim.
Atenciosamente, Rodrigo Rivera
DIEGO MONTENEGRO SAMPAIO E SILVA

SALVADOR - BAHIA

EM 12/09/2006

Prezadas Letícia e Danielle,

Excelente artigo o de vocês. Bastante elucidativo.

Estão de parabéns!

Cordialmente,

Diego Montenegro

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