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Rodrigo Emediato: "A ascensão da ovinocultura de leite será lenta"

postado em 12/07/2010

5 comentários
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Raquel Maria Cury Rodrigues, analista de mercado do FarmPoint, entrevistou na 7ª Feinco (Feira Internacional de Ovinos e Caprinos) Rodrigo Emediato, promotor da Tortuga na área de ovinos e caprinos no estado de São Paulo e mestre em nutrição e produção de leite ovino pela Unesp de Botucatu. Na entrevista Rodrigo fala sobre o mercado da ovinocultura leiteira, simula o lucro de uma pequena propriedade e comenta sobre os possíveis produtos oriundos do leite ovino.

Destaques da entrevista

"Hoje no Brasil, para a produção de leite ovino, temos a raça Lacaune que já está no país a quase 15 anos . Esse ano oficialmente foi introduzida a raça East Friesian. Essa raça é como se fosse a raça Holandesa das ovelhas, pois é um raça extremamente especializada em produção de leite, só que o rebanho hoje é muito pequeno, deve ter algumas dezenas de cabeças, já a raça Lacaune está mais disseminada"

"Eu acompanho a ovinocultura leiteira já fazem 6 anos. É uma atividade que está crescendo, não é popular ainda porque produção de leite é mais complicada e a ovinocultura de corte está em alta"

"Dos produtores e laticínios que existem, a gente vê que a procura é constante e não conseguimos atender essa demanda. O abastecimento é feito com importações e também há poucas iniciativas, tem algumas bem individuais"

"Hoje nós temos dois laticínios no Rio Grande do Sul, um em Santa Catarina e um no Rio de Janeiro, o mercado é o queijo e iogurte. O produto importado é extremamente caro. A qualidade do nosso produto é a mesma, não tem a denominação de origem, mas, é tão bom quanto"

"A ovinocultura de leite não tem a cadeia produtiva estabelecida. Quando eu estava envolvido com a Unesp, tinha muita gente interessada em produzir leite mas não queijo, porque nem sempre p produtor de leite tem habilidade para produzir queijo. O que a gente fala é que quem produz leite, vai ter que fazer o queijo e vender"

"As estruturas da cadeia são muito complexas e não é todo mundo que tem um potencial empreendedor e empresarial. Muitos querem produzir leite em poucos locais para processar o leite. Não adianta o produtor produzir leite e não ter para quem entregar e se ele produzir queijo, ele tem que ter uma estrutura de venda"

"Acredito que será uma ascensão lenta até que a cadeia comece segmentar e não precise que todo produtor de leite faça o seu queijo. A hora que existir uma iniciativa do empresário montar um laticínio e fomentar a atividade leiteira, eu acho que o crescimento vai ser bem melhor"

"O que a gente tem observado de raças leiteiras especializadas em produção de leite é uma produção de 1,5 à 4 litros de leite/dia"

"A gente apresentou em 2007 na Feileite uma palestra sobre produção de leite ovino e fizemos uma simulação para uma pequena propriedade. Na simulação, nós trabalhamos com 100 cabeças de raças leiteiras. Na raça leiteira você pode conseguir tranquilamente 6 meses de lactação. Consideramos que essas 100 ovelhas ao longo do ano produziram 2 litros de leite/dia durante os 6 meses do ano. Então, em 180 dias conseguimos 36.000 litros. Durante o projeto consultamos alguns laticínios e alguns compravam dos produtores a um preço médio de R$ 2,00/litro. Então, se tivermos a cadeia estabelecida e o produtor tiver aonde vender o leite, esses 36.000 renderiam por ano para ele R$ 72.000,00 de faturamento bruto, ou seja, daria por mês algo em torno de R$ 6.000,00"

"Se formos pensar em relação ao rendimento queijeiro, a gente consegue de 16 a 22% de rendimento, pois para fazer 1 quilo de queijo, é necessário 4,5 a 6 litros de leite. Se considerarmos 5 litros para 1 quilo de queijo, o produtor vai produzir 7,5 toneladas de queijo. Se ele vender por R$ 50,00 o quilo, que é um preço baixo hoje, isso vai representar R$ 360.000,00/ano. É claro que para produzir o queijo, o produtor vai precisar de uma estrutura para isso, funcionários, equipamentos, etc"

"A intenção nunca é vender uma ideia como uma fonte de dinheiro fácil, mas é uma atividade que merece uma atenção especial, pois tem um produto de alta valor agregado e que precisa ser de excelentíssima qualidade, porque o público é muito exigente, está disposto a pagar"

"Podemos pensar também em outros mercados. Em Botucatu fizemos outros trabalhos com o leite: doce de leite, sorvete, queijo roquefort, iogurte e queijo prato. Fizemos teste de aceitabilidade com o público local e teve uma boa aceitação. O doce de leite ficou muito cremoso e consistente, o pessoal gostou bastante. A gente não precisa pensar em produzir só queijos tradicionais e mundialmente conhecidos, mas, também trabalhar a questão local"



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Comentários

william delaqua

São Miguel Arcanjo - São Paulo - Consultoria/extensão rural
postado em 12/07/2010

Gostaria de parabenizar o Rodrigo pela entrevista! Achei muito interessante essa questão da necessidade que o ovinocultor leiteiro apresenta em agregar valor ao produto. "Quem produz o leite vai ter que fazer queijo e vender" No caso da caprinocultura leiteira, seria interessante financeiramente manter este raciocínio uma vez que o leite de cabra in natura possui um bom mercado? Abraço

Rodrigo Martins de Souza Emediato

São Paulo - São Paulo - Indústria de laticínios
postado em 13/07/2010

Prezado Sr. William,

Obrigado!
A cadeia da ovinocultura leiteira ainda não está estruturada em nenhum estado brasileiro. Os laticínios do RS, SC e RJ também são produtores de leite. É uma atividade ainda pouco desenvolvida no país mas que possui grande potencial, se explorada corretamente.

No caso da Caprinocultura, as coisas são diferentes, primeiro porque o leite in natura possui um mercado bom para apreciadores e pessoas com problemas com relação ao leite de vaca. É um leite mais difundido e as pessoas conhecem suas características nutricionais, além de existir uma cadeia produtiva com alguns laticínios espalhados pelo Brasil, que compram o leite de diversos produtores e processam o leite. E o leite caprino possui um bom valor de mercado, normalmente sendo vendido aos laticínios acima de R$ 1,40/litro.

Claro que não encontramos um laticínio de leite caprino em qualquer lugar, como acontece com o leite bovino, mas existe a possibilidade do produtor entregar o leite em algum laticinio caprino ou muitas vezes até mesmo num laticínio de bovino, mas neste caso precisa verificar o preço pago pelo litro de leite.

No entanto, se um produtor desejar produzir leite de cabra numa região onde não exista uma linha de compra de leite caprino, ele terá que seguir o mesmo raciocínio do produtor de leite ovino, pois terá que fazer todos os elos da cadeia láctea caprina.

Abraço,

Rodrigo Emediato

marcio

Lages - Santa Catarina - Pesquisa/ensino
postado em 15/07/2010

Prezado Sr. Rodrigo,

Permita-me discordar de sua afirmação:

"A cadeia da ovinocultura leiteira ainda não está estruturada em nenhum estado brasileiro. Os laticínios do RS, SC e RJ também são produtores de leite."

Trabalho com a ovinocultura leiteira a alguns anos aqui em Santa Catarina, e no nosso caso, existe um laticínio (com S.I.F.) que realiza a compra do leite obtido por produtores que exploram a atividade (leite ovino). As propriedades se localizam principalmente no Oeste de SC e se dedicam exclusivamente a esta atividade. A muito trabalho a ser realizado, mas está longe de não haver nenhuma estruturação.

Att,

Márcio.

Rodrigo Martins de Souza Emediato

São Paulo - São Paulo - Indústria de laticínios
postado em 16/07/2010

Prezado Sr. Marcio,

Os dois laticínio do RS também possuem SIF, e além deste de SC, um dos laticínios do RS também adquire leite de poucos produtores.

No entanto, acredito que uma cadeia produtiva não pode ser determinada por apenas uma empresa ou entidade. Uma cadeia produtiva de leite ovino será aquela em que um produtor em qualquer local do estado possa produzir o leite e ter onde entregar, como acontece com a ovinocultura de corte em SP por exemplo. Em qualquer município, atendendo as questôes de quantidade e qualidade, existirão, em geral, mais de uma opção de compradores de cordeiro.

Ou como ocorre com o gado de leite. Quando um produtor decide produzir leite, ele tem certeza que pelo menos uma linha de leite já passa perto da sua propriedade.

Estas compras de leite ovino por estes dois laticínios já são um avanço, já atendem pequenas regiões, mas é assim que começa mesmo até outras iniciativas aparecerem e a cadeia efetivamente se formar.

Obrigado pelo comentário!

Atenciosamente,

Rodrigo

marcio

Lages - Santa Catarina - Pesquisa/ensino
postado em 19/07/2010

Sr. Rodrigo,

Tem razão.

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