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Novos horizontes para a produção de couros de caprinos e ovinos

Por Gladstone Campelo (FarmPoint)
postado em 01/11/2007

4 comentários
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A indústria curtidora é um dos grandes propulsores da economia nacional e o couro figura como um dos principais itens da pauta de exportações do país. Para se ter uma idéia de sua musculatura, nos primeiros nove meses de 2007, os embarques de couro somaram US$ 1,62 bilhão, total 21% superior ao acumulado no mesmo período do ano anterior, devendo fechar o ano ultrapassando a marca de US$ 2 bilhões.

Esse complexo industrial é constituído por 800 empresas, que movimentam um PIB de US$ 3 bilhões, empregam cerca de 50 mil pessoas, e recolhem quase US$ 1 bilhão anuais em impostos.

Um elo desta cadeia produtiva merece avaliação à parte. Trata-se do segmento de produção de peles de caprinos e ovinos, que está passando por um processo de transformação e de desenvolvimento de novos negócios.

A produção nacional, concentrada principalmente na região Nordeste, é da ordem de 7 milhões de unidades por ano, volume insuficiente, porém, para atender à demanda das empresas de couros, que investiram e capacitaram-se para processar 12,2 milhões de peças anuais.


Por conta desta defasagem, as empresas instaladas no Nordeste eram obrigadas a importar cerca de 5 milhões de peles, arcando com um imposto de 8%.

Essa taxação era praticada por conta das normas que regem as operações comerciais no âmbito do Mercosul. Como se sabe, todas as importações feitas pelas nações que integram o bloco econômico de bens e serviços produzidos em outros países estão sujeitas à Tarifa Externa Comum (TEC). Como a produção de peles de caprinos e ovinos dos países do Mercosul é insuficiente para atender à demanda das indústrias brasileiras, a diferença tinha que ser suprida com importações de outros países, sujeitas à TEC.

Esse cenário mudou no final de agosto quando a Câmara de Comércio Exterior (Camex) dediciu zerar a alíquota da taxa sobre as aquisições de peles de caprinos e ovinos, atendendo ao pleito dos curtumes nacionais, representados pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), com apoio da Frente Parlamentar do Couro.

A decisão da Camex é uma conquista importante, cujo impacto positivo será refletido por toda a cadeia produtiva, principalmente na região Nordeste, onde está concentrada a maior parte do rebanho brasileiro, estimado em 26,3 milhões de cabeças, sendo 16 milhões de ovelhas e 10,3 milhões de caprinos.

A desoneração das importações promete abrir um novo capítulo para a indústria de processamento e para a própria ovinocaprinocultura na região. Explica-se: a esperada dinamização da atividade vai conferir maior competitividade às indústrias, que deverão ampliar escalas de produção, abrindo espaço para a aquisição do produto brasileiro.

De acordo com estimativas do Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca (Sindifranca), a utilização do couro de caprinos e ovinos pelas indústrias calçadistas deve triplicar nos próximos dois anos, ampliando a demanda por essa matéria-prima.

É importante destacar a importância da ovinocaprinocultura para a economia da região Nordeste. De fato, as características de rusticidade destes animais e a possibilidade de criação em áreas de pequenas proporções as tornam especialmente indicadas para as condições do semi-árido. Além da renda obtida com a produção de pele de alta qualidade para a indústria calçadista, a criação de caprinos e ovinos ainda resulta na oferta de carne e leite para os pequenos criadores.

A desoneração das importações de peles de caprinos e ovinos, finalmente, é uma excelente amostra das possibilidades que podem decorrer de ações articuladas entre iniciativa privada e governo, que merecem ser reeditadas em outras frentes.

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Gladstone Campelo    Rio de Janeiro - Rio de Janeiro

Consultoria/extensão rural

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Comentários

Eneas Reis Leite

Sobral - Ceará - Pesquisa/ensino
postado em 01/11/2007

A produção de peles de caprinos no Nordeste ressente-se também de problemas ligados ao manejo animal, os quais interferem na qualidade da matéria-prima. Os sistemas de produção arcaicos, onde predominam as cercas de arame farpado, depreciam sobremaneira o produto entregue nos curtumes. Da mesma forma, o pastejo direto na vegetação espinhosa da caatinga, além da alta incidência de linfadenite caseosa e de ectoparasitas, também contribuem para a baixa oferta de peles de boa qualidade. Essas perdas representam prejuízos consideráveis em toda a cadeia produtiva, além de contribuírem para a evasão de divisas em decorrência das importações demandadas pelas indústrias couro-calçadistas.

Ubaldino Dantas Machado

Lavras - Minas Gerais - Consultoria/extensão rural
postado em 01/11/2007

Tema que precisa ter uma divulgação maior, quem sabe entrevistar alguem do centro de curtumes de Petrolina e Juazeiro, ou do polo de Fortaleza, etc. Esse deverá ser o grande impulsor da recuperação da cadeia de caprinovinocultura, deixar de ser quase que uma atividade ´extrativa´. Não deixar de esquecer que a pele sempre foi um subproduto, daí a má qualidade das peles salgadas, carcaça sem padronização, baixo indice se sanidade animal, pouca prioridade dentro do Sistema de Pesquisa da Embrapa, promoção no exterior de nosso produto de forma deficitária, necessidade de se melhorar a tecnologia dos curtumes nordestinos e se evitar o passeio das peles, pois em alguns casos chegam a viajar até 6.000 km para se ter um material melhor terminado e aí perdemos qulaquer possibiliadade de competitividade.

Integrar criação, isto é, etapa da produção animal, com a indústria de tranformação, peles e depois para a confecção de vestuários, mais a produçaõ de carne, leite e seus derivados. Assim teremos condições de competir até com os produtos da China e até mesmo entrar no mercado deles. Temos conhecimentos suficientes desenvolvidos no País para colocar a atividade como uma das cadeias rentáveis dentro do agronegócio brasileiro, dependemos de uma programação a longo prazo e uma decisão política em todos os níveis e principalmente da sociedade.

Jorge Moreira dos Santos Jr.

São Paulo - São Paulo - Produção de caprinos de corte
postado em 01/11/2007

Acredito que deveria ser feito um trabalho de incentivo e informação ao produtor caprino e ovino para se estabelecer um maior aproveitamento de peles destes animais. Gostaria de ver um programa genético trablhando a qualidade da pele caprina nordestina - como a moxotó, por exemplo - no sentido de fixar esta característica mais que desejável, a outras como de produtividade de carne. O que geraria uma linhagem de animais de altíssima viabilidade, se bem associado a uma indústria de pele que valorize isso desde a criação e pague um diferencial ao produtor.

Grande abraço

Roberis Ribeiro da Silva

Salvador - Bahia - Consultoria/extensão rural
postado em 11/11/2007

Penso que a desoneração de tributos em toda cadeia produtiva dos caprinos e ovinos, sempre será benvinda. Contudo, essa desoneração pode pressionar ainda mais os preços pagos pelas peles aos produtores e frigorifícos de caprinos e ovinos.

Senão vejamos, sabemos que o câmbio atinge diretamente esse marcado do couro e com o câmbio com perspectiva de chegar a R$ 1,50 e com menos 8% de tributação para importação destas peles, poderão ainda mais pressionar os preços pagos para baixo. Preços estes que já são baixos em relação ao câmbio R$2,80 de anos atrás.

Enfim, com a palavra a camara nacional de caprinos e ovinos e CICB. Pois de uma coisa temos certeza a os curtumes e a indústria coureira irão se beneficiar. Vamos aguardar. Espero que eu esteja errado na minha análise. Para o bem dos produtores e frigorifícos de caprinos e ovinos do Brasil.

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