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Alta de custos e crédito difícil preocupam produtores

postado em 21/07/2008

2 comentários
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Apesar de registrar uma safra recorde de grãos e da valorização das commodities no mercado internacional, o Brasil deve apresentar queda na produtividade em razão dos altos custos de produção. Ainda endividados e com dificuldade para garantir crédito, muitos produtores têm optado por racionar o uso de insumos, especialmente o de fertilizantes.

Uma das regiões onde o problema se dá de forma mais acentuada é no Estado do Mato Grosso onde, de acordo com cooperativas locais, o crédito oficial não chega a responder nem por 10% do custeio da safra. Além de contar com restrições de crédito de origem financeira, o estado, que é o maior produtor brasileiro de soja, também sofre com outra grave restrição: apenas 10% dos produtores do estado possuem licença ambiental.

Diante desse cenário, mesmo aqueles agricultores que estão com a saúde financeira em dia, estão com dificuldade de obter crédito nas empresas privadas, que são as grandes financiadoras da safra, segundo Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja).

De acordo com um levantamento divulgado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea/Aprosoja-MT), cerca de 82% dos empréstimos captados pelos sojicultores na última safra foram provenientes de fontes privadas de financiamento, o que inclui as tradings e as instituições financeiras não oficiais.

"O produtor levanta crédito junto as tradings, mas mesmo elas estão com mais dificuldade", disse Silveira. "A mesma área que era financiada no ano passado precisa de 60% a mais de recursos para ser custeada nessa safra", destacou.

Pelo levantamento da Aprosoja cerca de 20% dos produtores locais terão bastante dificuldade de conseguir fertilizante na próxima safra.

De acordo com reportagem do jornal Diário do Comércio e Indústria/SP, segundo Silveira, o custo para a safra 2008/2009 de soja no estado já ultrapassou R$ 8 bilhões e representa 40% a mais que os R$ 5,5 bilhões registrados na safra passada. "O produtor já está racionando a quantidade de adubo. Ele prefere ter uma produtividade menor acompanhada de um risco menor", disse.

"Os custos estão aumentando tanto quanto os preços ou as vezes até mais. Isso é ainda mais concentrado no caso dos fertilizantes", avalia Matheus Zanella, técnico da Comissão Nacional de Comércio Exterior da Confederação Nacional de Agricultura (CNA)

Quanto a flexibilização nos parâmetros para renegociação da dívida do setor agropecuário brasileiro, a resistência da área econômica do governo federal pode se traduzir numa quebra de safra, alerta o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), líder da bancada ruralista no Congresso Nacional.

Essa diferença de posição impediu a aprovação da MP 432/08, antes do recesso parlamentar, que define a rolagem de R$ 75 bilhões dos R$ 87,5 bi totais da dívida rural. "Essa situação está atrasando a compra de insumos. No que se refere aos fertilizantes, até agora foram vendidos apenas 11 milhões de toneladas, em lugar dos 25 milhões necessários. Isso quer dizer que só adquiriu quem tinha dinheiro, pois no Brasil só se vende adubo à vista", destacou Colatto.

A bancada ruralista quer prazos maiores para a negociação da dívida e alterações em outros pontos da medida provisória, como em relação à indexação dos valores a serem debitados. Pelo projeto atual, o cálculo é feito com base na taxa Selic e o IPCA mais 6%. "Esses valores são estratosféricos. Do que jeito que está a medida provisória é melhor não aprovar", criticou o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).

O relator da MP 432, deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), afirmou que houve avanço nas conversas com o governo. "Estivemos reunidos com o presidente Lula e com o ministro Reinold Stephanes, da Agricultura, na noite de terça-feira. Acontece que os resultados desse encontro não puderam se traduzir na votação da MP, pois a agenda do Congresso e a falta de quórum não permitiram, explica Heinze.

O relator disse que obteve garantias do governo para autorizar um prazo maior para o pagamento da dívida. "O período vai passar de dois para quatro anos, no Rio Grande do Sul e do Mato Grosso, além daqueles de municípios do Paraná, de Santa Catarina e do Mato Grosso do Sul atingidos pela estiagem de 2005".

No caso dos débitos de investimentos com recursos do BNDES, os produtores serão contemplados com mais três anos de prazo. Para os atingidos pela estiagem, o tempo será de cinco anos

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Comentários

Manoel Moreira Campos

Olaria - Minas Gerais - Produção de leite
postado em 21/07/2008

Em um passado não muito distante, diziam que "o Brasil é um gigante adormecido", acho que é um fato verídico e bastante atual. Vejamos, para se ter uma agricultura eficiente é necessário que tenhamos fertilizantes disponiveis a preços compatíveis. A alguns dias, vi na TV uma declaração do Sr. ministro da Agricultura, que vão direcionar esforços para pesquisa e extração de minerais, para fabricação de fertilizantes nos proxímos 5 a 10 anos.

Tal medida está certa, antes tarde do que nunca!
Mas se querem uma produção agícola forte, porque não pensaram nisto a mais tempo? Se tivéssemos fertilizantes disponíveis com preços bons, em um momento como estamos vivendo, a crise de alimentos, não seria a hora de nossa agricultura dar um grande salto e alavancar a economia do Brasil?

Lourival Oliveira

Batatais - São Paulo - Indústria de insumos para a produção
postado em 23/07/2008

Às vezes fico me perguntando se é uma política correta e inteligente o Brasil, que é chamado de "celeiro do mundo", ter sua agricultura/agropecuária "embaixo do balaio" de pouquissímas empresas multinacionais nos setores básicos da produção, como fertilizantes e defensivos.

A situação é muito cômoda para o governo, pois estas empresas assumiram o papel dele de financiar a produção, mantendo assim no "cabresto" o produtor e o povo brasileiro, pois dominam todo o ciclo: da produção até à mesa, determinando o que vamos comer e quanto vamos pagar para comer.

Não seria o caso de fortalecermos as nossas cooperativas e empresas nacionais? Não seria o caso de trabalharmos mais para o bem comum e menos para os interesses próprios e imediatos? Ou seria o caso de trocarmos a frase acima para: Brasil o "selado" do mundo?

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