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Casino se manifesta contrariamente à fusão entre Pão de Açucar e Carrefour

postado em 05/07/2011

1 comentário
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O presidente do grupo francês Casino, Jean Charles Naouri, se reuniu na noite desta segunda-feira com Luciano Coutinho, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para reforçar sua posição contrária à fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour. A reunião foi reservada e os executivos não deram entrevista à imprensa após o encontro.

Naouri quer que o BNDES desista de financiar a operação. O BNDES, que a princípio estava apoiando as negociações, afirmou que só vai financiar a fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour se houver acordos amigáveis entre as partes. O banco disse que pode investir até R$ 4,5 bilhões no negócio.

A Folha de S.Paulo apurou que Naouri reclamou que ainda não recebeu a proposta oficial de fusão entre os dois grupos, mais de uma semana após o anúncio oficial da operação. Já Abilio Diniz disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que enviou a proposta no dia 28 de junho.

Para que a documentação seja apresentada, é necessário que seja convocada uma reunião da Wilkes, a holding que controla a varejista brasileira e cujo capital é dividido entre o Casino e a família Diniz. O Casino possui 43,1% das ações do Wilkes.

O grupo francês tem adquirido ações preferenciais do Pão de Açúcar no mercado brasileiro a preços relativamente altos para elevar sua participação na holding controladora da rede varejista brasileira. Nesta segunda-feira, o Casino anunciou a abertura de um segundo procedimento em tribunal internacional contra Abílio Diniz.

Mais cedo, o conselho de administração do Carrefour apoiou o plano de fusão, estratégia que pode elevar a proporção das vendas vinda de mercados em crescimento para mais de 40% em 2013, informou a companhia. "Esta transação, se completada, vai levar à criação de uma grande empresa de varejo no Brasil, o terceiro maior mercado do mundo em termos de gasto com alimentos", informou o Carrefour.

O Casino, por sua vez, afirmou em comunicado que o apoio do Carrefour à fusão pode implicar em responsabilização da rede "e dos membros do seu conselho por aceitarem, apesar de repetidos alertas, uma transação hostil, resultado de negociações ilegais".

"O Carrefour não tem intenções hostis ante o Casino. A Gama submeteu sua proposta simultaneamente para o Carrefour e para o Pão de Açúcar e a transação proposta está sujeita à aprovação do Pão de Açúcar", afirmou o Carrefour em comunicado.

Em série de entrevistas concedidas no Brasil na semana passada, Diniz afirma que não violou o acordo de acionistas que mantém com o Casino por meio da holding Wilkes e que chegou a informar o presidente do Casino sobre a ideia de fusão com o Carrefour.

Sócio de Abilio Diniz desde 1999, o Casino resiste à fusão entre a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), dona do Pão de Açúcar, e as operações do Carrefour no País. Em 2005, o Casino adquiriu o direito de assumir, em 2012, o controle da CBD. A fusão proposta por Diniz pode mudar o jogo de poder na CBD.

Naouri afirmou a Coutinho que é "o melhor sócio que a CBD pode ter" e que "não escolheu diretores e deixou Abilio fazer o que quisesse" na gestão. Segundo uma fonte, Naouri estava "bastante irritado". Ainda de acordo com essa fonte, ele "não está no Brasil para negociar, mas para dar o seu recado".

O executivo, que também é o maior acionista do Casino, disse que a fusão não cria um "campeão nacional", porque o controle estará na mão de empresas francesas. A preocupação com a desnacionalização do varejo é um das justificativas do BNDES para apoiar a fusão. Coutinho disse a Naouri que acha a operação um bom negócio para o banco e para as empresas.

Segundo uma fonte do BNDES, o banco agora entrou em "compasso de espera", mas ainda acredita que é possível uma negociação na Wilkes, holding que controla a CBD, para que os dois sócios se entendam. Essa fonte contou, porém, que Naouri deu a impressão que pode decidir o assunto na Justiça. Se chegar a esse ponto, o BNDES deve retirar o apoio ao negócio.

A situação só deve ser resolvida daqui um mês. Diniz, que preside a Wilkes, convocou ontem o Conselho de Administração para deliberar sobre a proposta de fusão com o Carrefour. A reunião está marcada para 2 de agosto. Será a primeira oportunidade para os sócios conversarem.

O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) afirmou hoje que o governo não irá mais se manifestar sobre as negociações envolvendo o Carrefour e o Pão de Açúcar para não atrapalhar as negociações entre as empresas. Pimentel também afirmou que o BNDES tem autonomia para decidir se participa ou não dessa operação de fusão entre as empresas supermercadistas.

"O que tínhamos a dizer sobre isso, já dissemos. Agora, qualquer declaração pode atrapalhar o andamento das negociações que estão em curso neste momento entre grupos privados. O governo não deve se manifestar. Vamos aguardar a solução natural das coisas", limitou-se a dizer o ministro após o velório do presidente Itamar Franco no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte/MG.

O líder do PSDB no Senado, senador Álvaro Dias (PR) pediu a realização de uma audiência pública com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, o presidente Conselho de Administração do grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, que dirigiu o BNDES no governo de Fernando Henrique Cardoso, e de um representante do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Álvaro Dias alega a necessidade de o Congresso acompanhar e ter esclarecimento do que ele chama de "Robin Hood às avessas". "Só que, no caso, o herói mítico rouba dos pobres, do dinheiro dos trabalhadores, para dar aos milionários", compara.

O outro requerimento sobre o assunto é do senador da base aliada do governo, Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Ele pede que seja convidado Luciano Coutinho para explicar a "natureza e as condições" que determinarão a participação do BNDES no processo de fusão do Pão de Açúcar com a multinacional francesa Carrefour.

"Há fatores que precisam ser bem explicitados pelo BNDES, já que estamos lidando com o dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e de dotações orçamentárias", afirma.

O senador Álvaro Dias destaca um "precedente perigoso" na ligação do BNDES com empresas privadas na operação realizada com o grupo JBS-Friboi o que - destaca o líder - obrigou o banco a aceitar "ações micadas" em troca dos recursos que disponibilizou. "O BNDES tem direcionado mal seus recursos há muito tempo, deixou de ser um banco social, inclusive deveria tirar o S do nome, e tem privilegiado grandes grupos privados", diz.

As informações são da Folha de S.Paulo, jornal O Estado de S.Paulo e Agência Senado, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.

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Comentários

Robson França Rodrigues

Muqui - Espírito Santo - Produção de café
postado em 06/07/2011

Vejo com muita preocupação e desconfiança está fusão.Como pode um banco estatal financiar uma empresa privada com um volume significativo de dinheiro, dinheiro este que é meu ,seu,nosso,é do povo brasileiro.Para beneficiar um empresário que no passado foi encontrado em seus depósitos mais de 4 milhões de caixa de óleo de soja, num periodo que o país passou por uma crise de alimentos,aonde estava faltando alimentos nas prateleira dos supermercados, e uns dos itém que mais faltaram era o oleo de soja ,e este senhor com esta quantia significativa de oleo em seus depósitos conforme divulgaram as reportagem.Eu não esquecir aquele período aonde se comprava uma lata de oleo de soja pelo dobro do preço.Para agora este senhor vim falar que esta fusão é boa para o país,sob alegação que vai ajudar a controlar a inflação.Concordo com as fala do senador Alvaro Dias mencionado nessa reportagem.

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