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Katia Abreu critica eficiência da reforma agrária

postado em 14/10/2009

6 comentários
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Para 37% das famílias que vivem em assentamentos da reforma agrária brasileira, a renda mensal é de, no máximo, um salário mínimo. "Ou seja, em 40% dos assentamentos pesquisados a renda individual é de um quarto de salário mínimo, uma situação de extrema pobreza", disse a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, ao apresentar nesta terça-feira (13) a íntegra da pesquisa sobre assentamentos rurais consolidados realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope).

A pesquisa completa é uma verdadeira "radiografia" da situação nos assentamentos e mostra, por exemplo, que 75% desse público não têm acesso ao crédito oferecido pelo Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf), que é a linha de financiamento criada pelo governo para apoiar os pequenos produtores rurais.

"Esse modelo não é adequado, não está gerando renda. São favelas rurais que estão sendo criadas no campo. Você não tira as pessoas da pobreza dando um pedaço de chão.", criticou a senadora Kátia Abreu ao comentar os resultados da pesquisa. A presidente da CNA destacou que há no Brasil oito milhões de assentamentos rurais, nos quais vivem 875 mil famílias, ocupando uma área de 80,6 milhões de hectares. Em todo esse conjunto, somente 3%, ou seja, 240 dos assentamentos, atingiu a sua emancipação.

A pesquisa mostra que 37% dos assentados não têm qualquer produção. Na fatia restante de 63% que apresenta algum tipo de produção, somente 27,7% conseguem produzir o suficiente para abastecer sua própria família e gerar algum excedente para comercialização, ou seja, apresentam capacidade de gerar renda. A análise dos dados comprova que 72,3% dos entrevistados não conseguem obter renda com a produção rural nos assentamentos e que 49% da renda dos assentados não está ligada à atividade na propriedade rural, havendo necessidade de complementação por meios como aposentadorias, pensões, bolsa família, seguro desemprego e trabalho assalariado. Sem essas outras fontes, a renda média cairia para 0,86% do salário mínimo.

O estudo do Ibope mostra, ainda, que a atividade nos assentamentos é de baixo acesso à tecnologia. Os principais instrumentos de trabalho são enxada, foice e pá. O trator está presente em 9% dos domicílios pesquisados. A pesquisa aponta também que 46% dos assentados têm 50 anos ou mais, ou seja, uma população com idade média avançada. Outro dado de extrema gravidade mostra que em 19% dos assentamentos há presença de trabalho infantil. Grupo de 68% dos entrevistados é analfabeto ou teve acesso, no máximo, até a quarta série do ensino fundamental. Em média, 4,3 pessoas moram em cada casa de um assentamento da reforma agrária, mas 14% desses domicílios não tem banheiro ou outra instalação sanitária. Entre os 86% que têm banheiro, parcela de 63% utiliza fossa rudimentar. Para 42% das propriedades.

A senadora criticou o ministério do Meio Ambiente a respeito da impossibilidade de se construir banheiros em áreas de assentamento por conta da questão ambiental. "Há assentamentos em que 100% não têm banheiro. Há problemas de caráter ambiental, que não liberam a sua construção. É um problema grave", comentou.

Kátia Abreu destacou que dados que comprovam a falta de presença do poder público nos assentamentos. Dos pesquisados, parcela de 83% nunca participou de qualquer tipo de curso de qualificação. Dos 17% que já freqüentaram cursos, somente 2% indicaram que esses cursos foram promovidos por alguma cooperativa. "Onde estão as cooperativas? Receberam mais de R$ 100 milhões de reais", criticou a senadora, remetendo às denúncias feitas pela revista Veja de que cooperativas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) teriam recebido recursos oficiais, mas não promoveram ações efetivas para auxiliar o homem do campo. Do público que frequentou cursos, 53% freqüentaram ações de capacitação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

Em crítica ao ministério da Educação e do Trabalho, Kátia alegou que as escolas da área rural não fazem parte do levantamento nacional sobre o rendimento dos alunos e qualidade das instituições.

A senadora também criticou a metodologia usada pelo IBGE para realizar estudo semelhante ao divulgado por sua entidade, alegando que a instituição buscou criar intrigas entre os grandes e pequenos produtores rurais. "O IBGE demorou mais de um ano para divulgar uma pesquisa, que retratou a grande propriedade como se fosse a vilã", afirmou, em referência aos números divulgados mais cedo pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.

Cassel, em audiência pública no Senado na manhã de terça-feira (13), apresentou dados que demonstram que as modalidades agropecuárias voltadas para o plantio de alimentos por famílias em pequenas propriedades têm demonstrado mais eficiência que outros tipos de culturas existentes no campo.

Para a senadora, no entanto, o ganho de escala no campo é tão importante quanto ao da indústria e do comércio, daí o fato de a concentração de terras dever ser encarada como algo natural. "Quando vejo o (a rede de supermercados) Carrefour chegar a uma cidade, sei, infelizmente, que os pequenos mercados vão acabar", comparou.

A pesquisa do Ibope consultou mil pessoas em nove assentamentos localizados em diferentes Estados. A proposta foi a de levantar informações gerais sobre as condições de vida das famílias que residem em assentamentos rurais consolidados ou em processo de consolidação localizados em nove estados: Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, São Paulo e Tocantins. A coleta dos dados ocorreu entre os dias 12 e 18 de setembro de 2009.

As informações são da Assessoria da CNA e da Agência Estado, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.

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Comentários

DARLANI PORCARO

Muriaé - Minas Gerais - Produção de leite
postado em 14/10/2009

Para se produzir qualquer alimento em maior escala, é preciso ter, vontade, conhecimento, ou técnica, e mais importante, o dinheiro ou crédito para a compra dos insumos, sementes e tudo que precisar. Então o que acontece é uma saida do meio rural ainda mais de jovens, em busca de salários melhores, ou entram em caminhos errados, como droga e outras violencias.

Paulo Luís Gonçalves Campelo

Belo Horizonte - Minas Gerais - Consultoria/extensão rural
postado em 14/10/2009

Amigos, parabenizo mais uma vez a Senadora Kátia Abreu pela iniciativa de encomendar essa tão importante pesquisa, que veio em muito boa hora, pois o momento é de desmascarar os dados do IBGE que, antes de serem publicados, levou-se mais de um ano e meio para serem maquinados, mascarados, manipulados, acochambrados, compilados, refeitos e, por fim, ainda tentam empurrar esses números goela abaixo da população, de forma a voltar a opinião pública contra os Produtores Rurais Brasileiros.

Os números mostrados pela pesquisa do IBOPE apenas quantifica uma realidade que todos nós já conhecemos, duvido que tenha alguém que esteja surpreso com esses números. E também, o resultado dessa pesquisa escancara a cara de pau desse Governo, escancara as mentiras que eles nos têm pregado, escancara a incapacidade de governar e, por fim, escancara o pouco caso com os próprios assentados, que são abandonados à própria sorte, sem acesso à Crédito e Assistência Técnica.

A mentira mais escandalosa que o Sr. Ministro Guilherne Cassel nos prega com ar de autoridade e que é de doer os tímpanos de quem ouve, é que a Agricultura Familiar é mais eficiente que a Agricultura em grande escala, que a Produtividade alcançada nas pequenas áreas são superiores às produtividades alcançadas em grandes áreas. Meus amigos, durmam com um barulho desse, esse Ministro, depois de falar uma asneira dessa, ele nos mostra que o nível do discurso dele é muito baixo, tenho certeza de que ele não sabe nem o que está falando, por que se soubesse ele teria, no mínimo, vergonha.

Não vou aqui discutir ponto a ponto desses resultados, mas está muito claro que o Governo manipulou, e muito, os dados do IBGE, antes de divulgá-los, e isso também deveria ser apurado em uma investigação da CPI do MST.

Não sou contrário à distribuição de terras para quem queira produzir, mas sou contra esse modelo que tem sido praticado por esse governo incopetente, como já afirmou a Senadora Kátia Abreu, estão formando bolsões de pobreza, estão formando verdadeiras favelas no campo, quem viaja pelo Brasil sabe que se você passar por uma estrada à noite que seja próxima de um assentamento de sem-terras você corre o risco de ser assaltado.

Jucelino dos Reis

Cascavel - Paraná - Produção de gado de corte
postado em 14/10/2009

80% dos invasores, só querem terra para vender, e participar de outra invasão. Os 20% que conseguem viver da terra são aqueles que têm alguma vivência no meio rural, que sabem pelo menos a diferença entre um pé de milho e um pé de feijão.

Marcelo Santana

bebedouro - São Paulo - Consultoria/extensão rural
postado em 15/10/2009

Este artigo vem de encontro a realidade da política agrária, especificamente dos assentamentos, onde o governo federal vende a imagem da gloria desta política, entretanto quem anda por este país conhece a realidade dos assentamentos, devidamente espelhada pela pesquisa citada no excelente artigo da presidente. Os assentados são usados pelos "políticos" para justificar o envio de verbas para projetos sociais, entretanto estas não chegam a quem de direito, e como não há fiscalização e as tentativas de CPI são barradas, nada é esclarecido ou julgado. Infelizmente esta situação não tem a devida divulgação pela imprensa e tudo fica bem para os nossos governantes.

Paulo Luís Gonçalves Campelo

Belo Horizonte - Minas Gerais - Consultoria/extensão rural
postado em 16/10/2009

Todos nós temos que guardar bem esse nome, Dagoberto Nogueira, Deputado Federal pelo Mato Grosso do Sul, foi o Parlamentar da Base Governista que trabalhou no sentido de convencer outros Parlamentares a retirarem o apoio à implantação da CPI do MST.

Eugenio Mario Possamai

Água Boa - Mato Grosso - Produção de gado de corte
postado em 18/10/2009

Uma coisa nos temos aceitar de nosso governo, ele não fala que assentamentos são produtivos, ele fala de pequenos proprietários, e os pequenos são produtivos mesmo, pois sou um deles, mas não sou assentado, então com isso ele manipula a opinião pública de pessoas que n ão conhecem a realidade do interior e acham que os assentados são realmente produtivos, mas não pasam de especuladores que pegam as terras e as passam imediatamente a outros, e estão novamente sem terra e participando de novas invasões.

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