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Entenda como os filhos de produtores rurais americanos criam raízes na agropecuária

postado em 23/10/2013

9 comentários
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Antes de crescer para se tornarem produtores rurais, um número surpreendente de crianças rurais da América aprendem a construir foguetes. Todo ano, os céus das áreas rurais desse país ficam cheios de mini-mísseis construídos por crianças. Os maiores voam centenas de metros, levando altímetros e paraquedas. Os campos de beisebol são locais populares de lançamento, bem como os campos de cultivo de alfafa: esse último tende a ser maior e, comparado com outras colheitas, a alfafa tolera um pouco de pisoteio. Isso explica muito sobre as fazendas americanas.

Uma organização de jovens está por trás de milhares desses lançamentos de foguetes rurais: a 4-H club, sigla que deriva de um juramento envolvendo cabeça, coração, mãos e saúde. Entre as pessoas da cidade, a 4-H não é muito bem conhecida. Porém, sua existência e sua história revelam muita coisa sobre as diferentes visões da América sobre produção rural e de alimentos. Para muitos, esse nome evoca uma única imagem: um filho de um fazendeiro, vestindo jeans e botas de cowboy, levando seus animais para eventos. Muitos membros do clube realmente criam e exibem animais, isso é verdade: um dos pontos turísticos do verão americano é assistir uma criança de 11 anos em uma feira estadual guiando um novilho de meia tonelada a juízes do 4-H.

Porém, a 4-H nasceu para disseminar ciência e formar caráter. Cerca de dois milhões de crianças participam, dos clubes e acampamentos do grupo, enquanto outras milhões seguem os programas 4-H nas escolas. Um grande impulso está em andamento para alcançar mais crianças urbanas, com estratégias de levar incubadoras de ovos nas salas de aula para que crianças de oito anos aprendam que a “o frango não vem do McDonald’s”. Em Estados rurais como o Nebraska, a organização alcança uma criança em cada três. Os clubes e acampamentos 4-H formam a ala jovem de uma parceria entre o governo e as universidades públicas financiadas por presentes da terra federal, que remonta à guerra civil e é configurado para transmitir novas tecnologias para todas as regiões na união.

Ao visitar a Nebraska State Fair recentemente, a equipe do blog Lexington, do The Economist, esteve no pavilhão dos projetos 4-H. Algumas coisas que estavam por lá podem ser encontradas em feiras em muitos países: potes de geleia, legumes e madeira premiados. Porém, havia uma ênfase notável em ciência e negócios também. Junto com longas prateleiras de modelos de foguetes, as exposições incluíam uma exibição de uma dissecação do olho de um porco e uma análise estatística sobre doenças de frangos. Cole Urmacher, de 11 anos, membro da quarta geração do 4-H, fez uma demonstração de robótica. Becca Laub, de 16 anos, falou sobre seus planos para uma empresa de tomate, outra de criação de peixes e sua ambição de estudar engenharia. As pessoas acham que os produtores rurais não têm educação, ela zombou. Seu pai tem graduação em economia e usa isso para avaliar as tendências de mercado. Além disso, graças às engenhocas de posicionamento global, um dos tratores da família pode se dirigir sozinho, o que é muito legal.

Os rivais em outras terras têm teorias desdenhosas sobre por que a América, um país rico, é tão bom na produção de alimentos baratos. Eles pintam os produtores rurais americanos como peões de corporações agrícolas gigantes, intimidados pelas forças de mercado para produzir alimentos geneticamente modificados. O Lexington não esqueceu a cara de um ministro da agricultura francês, entrevistado durante uma postagem anterior para a Europa, quando zombou da produção agrícola “asséptica” da América.

Os americanos têm pensado de forma diferente sobre a agricultura há muito tempo – e não por acidente. Estabelecidas em uma onda de migração, cujo pico foi nos anos de 1880, os campos de Nebraska foram divididos por alemães, tchecos, dinamarqueses, suecos e até mesmo luxemburgueses pioneiros. Desde o início, o plano era converter os colonos do Velho Mundo para formas científicas do Novo Mundo. À medida que o sistema se desenvolveu, o Congresso enviou agentes regionais de universidades para ensinar aos homens e suas esposas sobre agricultura moderna e habilidades como tomates em conserva. Nos anos de 1920, trens educacionais percorreram os campos, puxando vagões com animais e cultivos de demonstração. Em cada parada, centenas se reuniriam para palestras públicas. Os mais velhos resistiram às ideias modernas de plantar milho híbrido comprado de comerciantes ao invés das sementes de milho de suas próprias colheitas. Surgiu o movimento 4-H, que deu aos jovens sementes híbridas para plantar, e então esperou-se pelo choque de ver como o milho das crianças ultrapassou o de seus pais. Mais tarde, os mais jovens promoveram essas inovações, como computadores.

Como a América não era um país novo, argumentou Greg Ibach, chefe de agricultura do governo do Estado de Nebraska, uma preocupação primária era alimentar uma crescente população e transportar alimentos em grandes distâncias.

Nebraska, um grande produtor de carne bovina e milho, sente-se otimista de várias maneiras. Fala-se muito da classe média da China que está demandando carne e de uma população global de rápido crescimento. No ano passado, produtores rurais graduados na Universidade de Nebraska em Lincoln podiam escolher dentre várias ofertas de emprego. A América está “completamente estabelecida” para suprir a crescente demanda global, contanto que possa continuar usando culturas geneticamente modificadas e outras tecnologias, disse Will Miller, um estudante da UNL que criou novilhas suficientes, como membro da 4-H, para pagar seu caminho até a universidade.

Nem todos os jovens agricultores estão interessados em biotecnologia, porém, muitos são empreendedores. A 4-H oferece projetos orgânicos também. América está preocupada em plantar ciência e capitalismo em suas crianças do campo. Assim eles mantêm raízes profundas na América.

A matéria é do The Economist, traduzida e adaptada pela Equipe AgriPoint.


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Comentários

Guilherme Alves de Mello Franco

Juiz de Fora - Minas Gerais - Produção de leite
postado em 23/10/2013

Prezados Senhores: Enquanto nossos jovens campesinos chafurdam na lama do descaso governamental com suas educações, os americanos nos dão, ainda uma vez mais, noções de associativismo e de criação de modelos desvinculados do oficial para atingir metas memoráveis na fixação do homem no meio rural.
Aqui, o assistencialismo exacerbado permuta trocados por futuro, desestimulando o crescimento intelectual e social, já que é muito mais fácil sentar numa praça e esperar que o dinheiro de uma das várias bolsas caia na conta do que se empenhar em estudar, trabalhar, progredir.
Destarte, estamos, cada vez mais, com os pés atolados no terceiro mundo, enquanto nossos irmãos americanos do norte, cada vez mais com a pegada impressa no progresso e no futuro.
Saibamos apreender mais esta lição e passemos, nós, também, a investir no futuro de nossos jovens rurais, ao invés de soterrá-los com a terra do desprezo, da falta de opção, do sem futuro ou, realmente, o tão divulgado desenvolvimento nunca virá.
Um texto tão importante como este deveria fomentar o raciocínio sobre sua mensagem. Se não o fizer, mereceremos estar no buraco em que nos encontramos.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
ALFA MILK
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
www.fazendasesmaria.com

Anderson de S. Almeida

Volta Redonda - Rio de Janeiro - Produção de leite
postado em 24/10/2013

Prezado Guilherme, perfeito seu comentário.
Ainda acrescento que por aqui assistimos atônitos, todos os dias, artistas, intelectuais, "globais", "green blocks", "cineastas rouanet", "esquerda caviar", e por aí vai, nos taxando de criminosos, "destruidores do planeta", sem a devida reação.
Parabéns!

José Dárcio Rabello

São João Nepomuceno - Minas Gerais - Produção de leite
postado em 24/10/2013

Guilherme, concordo plenamente com suas colocações. Não precisamos ter vergonha em copiar boas idéias para criarmos novos conceitos.
Enquanto nosso país persistir  neste viés ideológico paternalista, assistencialista e eleitoreiro, continuaremos a ser apenas o país do futuro. De que adianta ser um país do futuro se vivemos é no presente.  
É fato incontestável que a atual geração de agricultores, não conta com material humano para dar continuidade à atividade.Precisamos sim preparar as novas gerações, com identificação de vocação, com formação tecnológica, com vontade e orgulho para serem homens do campo..
Precisamos definitivamente desmistificar este absurdo conceito  de que o homem do campo é um ser de segunda categoria.

José Dárcio Rabello
Sindicato Rural de São João Nepomuceno

Walter de Assis Toledo Júnior

Lavras - Minas Gerais - Produção de leite
postado em 24/10/2013

Falta-nos orgulho de ser produtor e trabalhador rural.
Não há mais nenhum festejo, realmente, rural. O que vemos são prefeituras e sindicatos rurais reunindo milhares de reais para entregar a cantores que unem a população geral em um porre alcoólico em parques de exposições, cujo espaço para a exposição de animais, propriamente dito, está cada vez menor e "lá no fundo", e a convivência e troca de idéias quase não existem. Depois de toda farra, se vão os cantores com suas malinhas cheias de dinheiro e sobram a ressaca e o restante do ano de aperto financeiro da classe e das pequenas prefeituras.
Não é fácil mudar a situação, ainda mais quando vemos políticos fantasiados com colete e outros acessórios de ilusionistas se autoproclamando defensores da natureza, cujo inimigo é, justamente, aquele que farta a mesa do brasileiro de alimentos e recheia a balança comercial do Brasil.
Acho que é difícil, sim, mas não impossível. Vamos tentar fazer a diferença começando dentro de nossas propriedades e com os nossos vizinhos. Em breve nos encontraremos, adultos e jovens produtores rurais brasileiros., trocando experiências e festejando o sucesso.
Walter de Assis Toledo Júnior
Sítio São Conrado, Liberdade, MG.    

PAULO LUIS HEINZMANN

SALVADOR DAS MISSÕES - Rio Grande do Sul - Consultoria/extensão rural
postado em 24/10/2013

Pois é!! Lá, política agrícola que funciona, com crédito, garantias de renda, seguro rural, investimentos em infraestrutura, logística, com marketing sobre o produtor rural em horário nobre..., enquanto aqui somos taxados de destruidores da natureza, de usar mão-de-obra escrava, de envenenar o mundo, usar biotecnologia, "veta Dilma", etc... , apesar de botar comida na mesa dos brasileiros, além de garantir os resultados da balança comercial.

Enquanto o jovem de lá é estimulado a permanecer no campo, aqui a juventude assiste, desde criancinha, a angústia de seus pais, que ficam ano após ano, penando para conseguir custeio junto aos bancos, pagando os juros maiores do mundo, a mercê do clima (por não ter seguro), sem garantia de preços e renda, sendo importunados por ONGs Comerciais disfarçadas de "ambientalistas", o que impregna a mente dos nossos jovens com coisas negativas, e os levam a decisões que variam muito quanto a sua futura profissão, mas nas suas escolhas, excetuam-se as ligadas ao setor primário.

Conversando com jovens de 15 a 20 anos aqui da região, relatam que nos bailes e "sons" não podem dizer que pretendem continuar "no interior", pois isso "dificulta muito  encontrar namorada". Pois é ...

Nossa Agropecuária é uma das mais competitivas do mundo, onde em muitos setores somos os maiores e/ou melhores, apesar da  correnteza contra, e é por isso que botamos medo nos gringos, e eles fazem de tudo para nos atrapalhar.

Para mudar a imagem do campo, falta muito!!!!!

Guilherme Alves de Mello Franco

Juiz de Fora - Minas Gerais - Produção de leite
postado em 24/10/2013

Prezado José Dárcio Rabello: Nunca nos esqueçamos das sábias palavras de Lavoisier - "na natureza nada se cria, tudo se transforma".
Destarte, o que temos a fazer é adaptar, à nossa realidade, as diferentes experiências daqueles que, como os Estados Unidos da América, estão há anos luz de nós em tecnologia e pesquisa e, não, simplesmente, torcer o nariz porque é americano (atitude bem típica daqueles que vivem, ainda, nas épocas das republiquetas sul-americanas que vêm os irmãos do norte como ameaça às suas próprias limitações intelectuais e a seus impérios ditatoriais, que, ainda, se vê, infelizmente, muito pelos cantos brasileiros, frutos de uma decisão errônea que optou por cultuar a foice e o martelo, nos idos da guerra fria ao invés da águia que alçou grandes voos enquanto a URSS nem existe mais), numa xenofobia de país atrasado.
Finalmente, pegando carona na frase do amigo Paulo Luís Heinzmann, "nossa Agropecuária é das mais competitivas do mundo" mas, nosso pecuarista, não.
Temos que passar a entender os conceitos de profissionalismo que norteamericanos e outros povos nos anunciam e nos transformamos em profissionais nós também.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
ALFA MILK
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
www.fazendasesmaria.com

Murilo Rodrigues Shibata

Abatiá - Paraná - Consultoria/extensão rural
postado em 29/10/2013

Excelente ponto de partida para reflexão.

Algumas instituições públicas e ONGs de ATER que poderiam fazer esse trabalho, esbarram no ECA, por isso não saem do discurso mimimi. Políticas públicas são insuficientes, faltam-nos capacitação e dedicação para adentrar no trabalho com esse público jovem. Faltam profissionais. Em outros casos, as ONGs e entidades de ATER apenas fazem doutrinação política no meio rural.

Murilo R Shibata
Extensionista Rural

JOSÉ ANTÔNIO REIS

Viçosa - Minas Gerais - Consultoria/extensão rural
postado em 04/11/2013

Excelente matéria, grandes pontos de vista.
O que nos falta é políticas sérias para a agricultura. Estamos assistindo, como bem disse o colega Murilo de Abatiá, as empresas públicas de Ater virarem palanque de políticos, massa de manobra de prefeitos, e distribuidoras de insumos para a perpetuação da miséria no campo, em detrimento da sua função de "extender" os conhecimentos gerados nas unidades de pesquisas e o de transmitir outros conhecimentos para a formação cidadã do produtor rural e de sua família.
Alguém aí se lembra dos Clubes 4-S? Não seriam eles uma replica dos Clubes 4-H americanos?
Temos muito que caminhar. Vamos em frente.

José Antônio dos Reis
Extensionista Agropecuário

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