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CNA cobra governo e produtores

postado em 19/12/2008

4 comentários
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Dificuldades na comercialização, maior rigidez no crédito rural e redução de 8% no uso de fertilizantes levaram a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) a prever queda de 10% na produção de grãos nesta safra 2008/09, o dobro da prevista pelo governo. A projeção para o Valor Bruto da Produção (VBP) no ano que vem é de R$ 273,08 bilhões, menor que a deste ano: R$ 298,64 bilhões. A estimativa da entidade para o Produto Interno Bruto (PIB) do setor, em 2008, é de R$ 698 bilhões, ainda um crescimento de 8,62% sobre 2007.

A nova presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), defendeu maior transparência contábil dos produtores rurais para se adaptarem ao modelo de financiamento integrado, o que significa agentes financeiros operando em conjunto com informações centralizadas. Em compensação, pediu a desoneração tributária da cadeia produtiva dos alimentos, que enfrenta carga de 16,9% no Brasil, mais que o triplo do estabelecido na Europa e muito mais que 0,7% cobrado nos Estados Unidos. "Falta de transparência significa juros mais altos e seguro mais caro", avisou ela.

Consultor econômico da CNA, o professor Guilherme Dias também argumentou a favor de uma evolução na maneira como o produtor agropecuário apresenta suas contas à sociedade. Uma modernização, na sua opinião, será indispensável na transição do atual e desorganizado sistema de crédito, para um ambiente financeiro mais desenvolvido.

Exemplo da desorganização do sistema de crédito rural, segundo a presidente da CNA, é o pequeno volume de recursos que os produtores tiveram, em 2008, com juros subsidiados de 6,75% ao ano: R$ 11 bilhões. Criticou o fato de 60% disso tenham ido para Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Sul de Minas Gerais. Na média geral, os produtores do Centro-Oeste, mais prejudicados pela logística deficiente, pagaram juros de 21%, contra 15% dos que estão mais próximos dos portos.

Além da desoneração tributária, Dias defendeu uma política de subvenções como substituta de renegociações de dívidas que, na sua avaliação, não resolvem nada e apenas empurram o problema para a frente. "É irrealista achar que o endividamento vai se resolver em 2009", explicou o economista.

A proposta de subvenção para apoiar a renda do produtor não significa, para Dias, ampliar o sistema de preços mínimos. Ele disse que esse modelo provoca muita insegurança para o governo quando a volatilidade dos preços é alta.

O cenário de 2009 é preocupante, de acordo com os argumentos da CNA. A comercialização da soja está em apenas 18% da produção, quando deveria chegar perto da metade. O mesmo quadro se repete em outros produtos, o que revela excesso de oferta e queda brutal dos preços. A safrinha do milho, com início para fevereiro e março, deve ter diminuição da área plantada.

A queda das margens do produtor foi marcante na safra 2007/08, segundo a CNA. Nesse período, houve elevação de apenas 1,5% no crédito, mas, por outro lado, os custos saltaram aproximadamente 30%. Esses ganhos menores engordam o endividamento. Kátia disse que, no Banco do Brasil, a carteira agrícola teve o risco elevado de 5% (2003) para 14% (2008). Esses fatores restringirão o crédito da safra 2009/10. Dias ponderou que o país tem de evitar a repetição da elevada inadimplência (20%) que ocorreu em 1995 e travou, por um ano, a oferta de crédito.

O endividamento crescente não é o único temor para 2009. A senadora também listou a reforma tributária, o câmbio, o comportamento da crise mundial e a trajetória das cotações das commodities como causas de uma grande apreensão. O decreto sobre crimes ambientais vem tirando a tranqüilidade no campo e a presidente da CNA também afirma que a mudança do cálculo dos índices de produtividade será um "desastre" para a pecuária. Outro motivo de insegurança, segundo a senadora Kátia Abreu, é a subjetividade usada nas fiscalizações do Ministério do Trabalho para definir o que é condição análoga à de escravo. Ela garante que a entidade apóia as recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) contra o trabalho escravo.

As informações são de Arnaldo Galvão para o jornal Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela equipe AgriPoint.

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Comentários

Joseph Crescenzi

Itaipé - Minas Gerais - Produção de café
postado em 19/12/2008

É refrescante ver um novo líder da classe produtora demonstrar com clareza que entende de nossos problemas. Esperamos ver as soluções implementadas.

A sustentabilidade é composto do Tripé formado quando a produção é Socialmente justo, Ecologicamente correto e o fator sempre esquecido de ser Economicamente viavel. Com tantos tributos "sociais" e regras ambientais, o economicamente viavel fica sendo o pé que cai.

Marcelo Reis Pereira

São Gonçalo do Sapucaí - Minas Gerais - Produção de café
postado em 27/12/2008

É bom ver um novo lider rural divulgando suas idéias, mas o que a senadora Kátia Abreu deve saber é que:

1° Somos todos brasileiros, produtores rurais, não temos mais dignidade, cidadania e nossa esperança está sendo enterrada.

2° Temos as leis ambientais mais pesadas do mundo e quase impossivéis de serem cumpridas. Nós produtores rurais estamos sendo pressionados a nos adequar, mas a cidade de São Paulo possui dois rios que cortam a cidade e não tem um centimetro de área de preservação permanete, como o rio Tiete e Pinheiros.

3° Nossa carga tributária é pesada para o produtor que paga ICMS na energia elétrica e óleo diesel e quando vamos pegar o crédito de icms na arrecadação fazendária demora até 3 anos para analisar cada processo.

4° A legislação trabalista e os ´fiscais" digo juízes, fiscais e outros nos tratam como senhores de escravos e uma verdade nossa não vale vinte mentiras dos empregados e seus advogados. Tal legislação é facista criada por Getulio Vargas e até hoje não foi revista para as novas demandas de um mundo globalizado.

5° Nós não queremos dinheiro emprestado e sim uma politica agrícola que inexiste nesse nosso Brasil. Não queremos 72 bilhões de reais para agricultura que nunca chega aos agentes financeiros e quando chega é pouco e fora de epoca.

Nessa tal de politica agrícola deve ser mais ou menos assim senadora:

No mês de abril de cada ano todo produtor deve informar a intenção de plantio e qual cultura e produtividade esperada. No mês de junho o órgão governamental do setor deve orientar cada produtor de quantos hectares ele deve plantar da cultura desejada para não ocorrer oferta excessiva de produção e ocorrer estoques sem necessidade. A área que vai ficar ociosa não deve de maneira nenhuma ser desapropriada para reforma agrária nem ser cultivada. Assim, na área que o produtor plantou ele terá certeza que vai ter lucratividade para se manter na atividade. No mês de setembro os recursos devem já estar disponíveis para o setor rural e no momento do credito em conta corrente vai ter um seguro rural que cubra eventuais problemas como seca, granizo, geada ou outros fatores climáticos.

Essas, senadora, são algumas idéias para a senhora pensar, pois pela reportagem que li acima, a senhora está a um passo de fazer como o saudoso presidente Fernando Henrique Cardoso, que quando questionado por um reporter sobre o aumento da carne de frango ter subido em função do aumento da soja no mercado internacional, não se fez de rogado e logo soltou a joía: " o frango nacional não deve comer soja importada e sim soja produzida no Brasil".

Eu desejo para a senhora um bom mandato, um 2009 cheio de trabalho para defender um setor totalmente desunido e totalmente martirizado nesse Brazil com Z.

Obrigado pela atenção.

João Lúcio de Almeida Silveira

Muriaé - Minas Gerais - Consultoria/extensão rural
postado em 31/12/2008

Cumprimento a nobre senadora pela disposição demonstrada ao assumir tal cargo e certamente a incumbencia de ser parceira num monento em que uma revolução no setor é mais que necessária, é de urgencia urgentíssima.

Quanto ao Social, ambiental e econômico: Ouço muito essa frase no dia-a-dia: "economicamente viável, socialmente junta e ambientalmente correta." É até poético... mas não vivemos de poesia. E também não vivemos a atividade com algo isolado. Ela é parte da vida e não a vida é parte da atividade (vida... vide dicionario). A atividade carece da nossa ação, trabalho, esforço, dedicação. E quando falo "nossa" não estou falando de cada um no seu setor se organizar. Estou falando do produtor rural agir em todos os setores.

Desculpe a colocação um tanto quanto veemente ou bruta. Mas, considerando por hora somente o dito "tripé", acredito que o produtor, junto com os parceiro que realmente tiver, contratados ou entidades de classe é que devem buscar a sustentação (tripé).

Se o governo ajuda, bom. Se não ajuda, procuremos a saída assim mesmo! Se a CNA ajuda, bom. Se não ajuda, procuremos a saída assim mesmo! Se a Faemg ajuda, bom. Se não ajuda, procuremos a saída assim mesmo! Se o Fetaemg, bom. Se não ajuda, procuremos a saída assim mesmo! Se os Sindicatos ajudam, bom. Se não ajuda, procuremos a saída assim mesmo!

A única questão que ainda não questiono da mesma forma é a relação entre produtor - cooperativa / laticínio - consumidor. Essa terá que estar em sintonia, conhecendo o grande "chefe" que é o mercado.

Portanto, considero muito as representações da classe e acho que estas deveriam fazer um trabalho para conscientizar o produtor de que ELE (produtor) é que está a frente de tudo. ELE é que manda, gerencia, tem lucros e prejuizos. Portanto ele é que é importante. Fortalecer verdadeiramente o produtor, e não ser uma proteção para ele. Desta última forma, quando a representação enfraquece, por motivo qualquer (e isso acontece sempre), o produtor mostra sua fraqueza que antes se escondia numa blindagem. não queremos uma blindagem. Queremos ser fortes. Os papeis precisam se inverter. O produtor tem que ser a força da sua representação e não o contrário. As entidades representativas precisam do produtor e não o contrário. Assim as representações estariam sustentadas e poderiam atuar.

Dou ênfase a essa necessidade: conscientizar o produtor que ele é a parte forte.

Felicidades e prosperidade!

João Lúcio de Almeida Silveira

Muriaé - Minas Gerais - Consultoria/extensão rural
postado em 31/12/2008

Senhora Senadora e Presidente da CNA,

Mais uma vez cumprimento-a pela função assumida!

Sou de familia de produtores e presto consultoria a produtores de agriultura familiar e comercial. E questiono coisas. Porque não são utilizadas em grande escala ferramentas da democracia tal como o "plebicito", até mesmo para questões sutis ou de menos relevância, para busca de soluções na pecuária leiteira (isso podeira ser para outras atividades). Coloquem a responsabilidade sobre nós, produtores e técnicos. Se acertarmos louvaremos, se errarmos entenderemos, pois o peso do erro já está sobre nós mesmo.

Questões que tenho mas não sou conhecedor bastante para respondê-las:
- Onde está a propaganda e marketing do leite?
- Quem gerenciaria isso?
- Tem como haver um desconto sobre o leite (ex.: R$0,05 / litro) especificamente para propaganda de consumo?
- Quem diria que isso é honeroso visto que recebemos o que querem nos pagar. Talvez possamos ter desconto de R$0,05 centavos no lugar de 1, 2, 5, 7 centavos sem saber o destino?
- Poderia haver uma associação nacional onde cada produtor (cadstrado como tal) teria direito a 1 voto e resolveria de forma voto simples (50% mais 1) as propostas vistas anteriormente e a equipe eleita em cada estado faria execução, sem mais, sem entrar em constancia política, e outras práticas que mais enchem o ego que satisfazem o setor?

Estamos tentando organizar uma comissão com produtores, assistentes técnicos, laticínios, entidades financeiras, sindicatos e outras entidades, para tentar que nos ouçam em âmbito estadual e federal. Nesta comissão a força será o produtor e as entidades o apoiarão. Que Deus nos abençoe nisso!

Abraços

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