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Leitor fala sobre o sistema de produção da NZ

postado em 17/12/2008

4 comentários
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O produtor de ovinos e leitor do FarmPoint Paulo Roberto de Toledo Piza de Novo Horizonte, São Paulo, enviou um carta comentando a notícia "NZ: preços de cordeiros aumentaram em 33%", publicada no dia 8 de dezembro. Paulo Roberto comenta sobre o sistema de produção da Nova Zelândia, que é totalmente a pasto, resultando em custo de produção baixo e um produto de ótima qualidade. Confira a carta na integra:

"Independente do momento econômico mundial, acho importante salientar que a Nova Zelândia tem um clima muito bom para a sua ovinocultura, raças adaptadas ao seu clima e produtivas, pastagens com alto nível de proteína (18% ou mais).

Mas o principal lá é que não se confina cordeiro, não se suplementa ovelha. Fazem manejo de ovelhas paridas nos melhores pasto, produzem feno para a época do frio e desmamam cordeiros com 4 meses direto ao abate.

O custo deles é muito baixo, seu produto é muito bom, terminado a pasto.

Estamos longe de poder competir com eles tratando de ovelhas que não se adaptam bem ao clima que são expostas, construindo abrigos para proteção de chuva(lá neva e os animais ficam no tempo), confinando cordeiros com milho+soja+etc=tudo de alto custo, realizando cruzamento com raças que dão baixo acabamento/carcaças sem padrão.

Alguns estão tentando padronizar as carcaças, mas concorrem com oportunistas que colocam no mercado carcaças de ovelhas descarte e abatidas clandestinamente. E tem restaurante "chique", vendendo carne de ovelha temperada com amaciante e o faminto consumidor"degusta"e acha bom.

Para terminar:

- O brasileiro precisa conhecer a diferença do cordeiro e do carneiro;
- Precisamos entender que algumas raças terão bom desempenho se criadas nas condições as quais estão adaptadas (adaptação leva tempo e custa muito $. É trabalho para centros de pesquisa);
- Temos que terminar cordeiros da maneira mais natural possível, com o mínimo de suplementação;
- Dizem que onde se coloca 01 Vaca = 08 ovelhas. Vaca cria no pasto, come capim e lambe mineral, mais que isso é animal de elite. Suplementar ovelhas durante a gestação,paridas,etc. Quanto custa isso? Você já viu construir abrigo anti-chuva prá vaca?
- Precisamos ter mais fiscalização nos pontos de venda e nos de consumo. Alguem tem que cobrar nota fiscal, carimbo de SIF ou SISP ou SIM enfim, comprovar que o produto foi abatido e industrializado dentro de normas de higiene e sanitárias;
- E mais do que uma atividade para quem quer, a ovinocaprinocultura é para quem gosta, quem vai participar e ficar junto.

Por a mão na massa, esse é o ultimo grande diferencial do custo da atividade em New Zealand. Lá 95% dos ovinocultores mora na fazenda e toca o negócio com a família. A verdadeira pecuária familiar.

É com esse sistema que temos que competir. O resto é propaganda enganosa, ilusão e decepção.

Sou criador, amo ovinocultura, tiro parte de minha renda desta atividade, enfrento problemas, busco soluções, corro riscos, tenho resultados positivos e negativos e também já fui bastante enganado pelas propostas e resultados mágicos expostos por vendedores de ilusões pela TV.

Já fui a Nova Zelandia por isso me arrisco a comentar sobre o assunto. Acho que alguma coisa escrita acima deve fazer sentido. Muitos vão criticar algumas de minhas colocações, mas parte delas são fatos, de difícil contestação."


Mariana Paganoti - Equipe FarmPoint

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Comentários

Walter Celani Junior

Uberaba - Minas Gerais - Consultoria/extensão rural
postado em 17/12/2008

Caro Paulo Roberto,

Apoio quase que na totalidade suas observações.
Realmente as raças que temos hoje servem a alguns lugares e a outros não. Ovinos são animais de ciclo curto e por isso, sofrem alterações significativas com apenas algumas variantes, às vezes insignificantes à nossa observação.

Existe realmente a necessidade de produzirmos cordeiros com o maior tempo de vida possível a pasto. Para isso, necessitamos de raças, a meu ver, prolíficas e com habilidade materna acentuada. Sabemos que essas raças existem, mas, no momento, é caro adquirir matrizes e formar um plantel economicamente viável. Daí a necessidade de fazermos cruzamentos com raças menos preparadas para carne e depois, com as fêmes meio sangue, colocar animais terminadores onerando o plantel e adiando o retorno do capital investido.

Quanto à alimentação, devemos observar os custos e os benefícios agregados.

Explico: Quando o criador produz o alimento, pode-se chegar a custos da ordem de R$ 0,25 a R$ 0,30/animal/dia.

Concordo plenamente, quando observa o fato de que famílias trabalham e conseguem que a atividade seja lucrativa. Isso acontece com a atividade leiteira também.

O assunto é tão palpitante que precisaríamos de muito tempo para discutí-lo.

A ovinocultura no Brasil ainda é embrionária e não temos informações concretas sobre resultados de produção de forma geral.

Peço permissão, para sugerir, assim como alguns técnicos companheiros na empresa em que participo, que uma solução bastante razoável na ovinocultura que temos hoje, seja a integração para produção de cordeiros, sem necessariamente passar pelo confinamento.

Ainda em tempo, quero corroborar com sua observação a cerca dos aproveitadores que comercializam animais de descartes e os consumidores desavisados utlizam-se desse produto e depois não querem mais comer devido à má qualidade.

A falta da fiscalização, reflete a cadeia como um todo, começando pela orientação técnica e passando pela qualidade dos profissionais de órgãos governamentais que não se preocupam em ouvir criadores de campo e não tem profissionais de nossa área opinando nas decisões importantes para nós técnicos e criadores de ovinos.

Um abraço

José Francisco Manta Bragança

Xanxerê - Santa Catarina - Pesquisa/ensino
postado em 18/12/2008

Parabéns Sr Roberto concordo plenamente com seu comentário. Temos um potencial enorme para tornar a ovinocaprinocutura um segmento importante na economia. Nossa variedade de clima e vegetação possibilita que possamos criar animais adaptados a cada região, entretanto, devemos sim, tornar-mos profissionais na produção.

Não podemos é estimular a produção de ovinos se sabemos não teremos garantia de bons preços para a carne de cordeiro; ou até leite de ovelha; sabemos também que a parte do produtor é fundamental para poder garantir ás indústrias o fornecimento continuo e, não somente em períodos de safra. Parabenizo uma vez mais pela sua feliz participação, abraço

Bruno Fernandes Sales Santos

Dunedin - Otago - Nova Zelândia - Produção de ovinos
postado em 30/12/2008

Olá a todos,

Há tempos não escrevo no FarmPoint, porém acredito que este assunto deve ser comentado. Nosso trabalho vem sendo realizado com um intuito principal e objetivo único, produzir cordeiros de abate de qualidade e economicamente viáveis.

Trabalho para uma empresa Neozelandesa e estive há pouco neste país por sete meses desenvolvendo soluções tecnológicas para os sistemas de produção local, o que está intimamente ligado ao melhoramento genético. E por que MG?

Esta é uma das ferramentas mais importantes quando temos por objetivo identificar os animais mais adaptados à uma determinada condição. Na NZ os animais são mantidos 100% a pasto por alguns motivos 1- Custo; 2- Qualidade das pastagens (trevos, azevéns mais de 50 espécies, aveia e outros); 3- Seleção genética para este tipo de sistema de produção; 4- Cultura Ovina! Dentre diversos outros. A condição é muito favorável e o trabalho foi feito para que este sistema seja produtivo e eficiente.

O Brasil passa por um momento peculiar na atividade, a demanda está aí, importação abastecendo nosso mercado, carne de baixa qualidade sendo vendida por cordeiro (conforme o autor do artigo ressalta muito bem), falta total de profissionalismo, não existe meta ou objetivo e tão pouco plano delineado. Nosso modelo de animal produtivo e de genética superior é o da exposição e do leilão, e este é o nosso maior engano. Na NZ os animais puros ou registrados que lideram os rankings do SIL/ACE são criados em condições semelhantes ou piores do que as dos animais de produção de cordeiros de abate, e ainda assim produzem mais!

Pensemos bem a respeito de tudo isso, pois temos muitas realidades diferentes no Brasil, acredito que no Sul do Paraná, SC e RS sim temos total condição de fazer algo muito semelhante ao que é feito na NZ. Sudeste e Centro-Oeste, devemos avaliar cada situação produtiva e avaliar friamente se não vale à pena alimentarmos cordeiros em confinamento muio bem planejado (com alto desempenho e raças especializadas para carne) e livrarmos as áreas de pastagem para as matrizes (que em minha modesta opinião devem estar sempre no pasto, o ano inteiro e para isto devemos ter o planejamento alimentar do rebano em mãos). Nordeste devemos pensar em um sistema sustenável e que respeite as condições do meio ambiente e a expectativa do mercado consumidor com relação à qualidade. Norte, devemos pensar seriamente em um sistema de produção que respeite as condições de alta umidade e temperaturas e buscar sempre a sustentabilidade! SEJAMOS PROFISSIONAIS E NÂO BRINQUEMOS DE CRIAR OVELHAS DE BELEZA!!

Está na hora de realmente alavancar a atividade, pois o mercado está aí e nossos vizinhos têm aproveitado muito bem, levando milhões de reais todos os anos para seus países, e nós produtores de ovinos olhando tudo passar em nossa porta sem termos retorno de nossa atividade. O que devemos aprender com os Kiwis, é sermos eficientes e produtivos!

Laudir Nilson Zils

Maripá - Paraná - Revenda de produtos agropecuários
postado em 13/01/2009

Não sou nem quero ser "advogado do diabo" mas...

Trabalho junto ao setor de Vigilância sanitaria Municipal, (depois do expediente caprinocultor,) sei que existe e muito abate clandestino de todo tipo de animais, desde codorna até boi, a fiscalização encontra amparo legal mas provem da parte governamental medidas que evitem a necessidade da clandestinidade. Medidas quanto a isso são faceis de ser encontrar um dos "problemas" é a restição do setor frigorífico aos selos (SIM, SIP, SIF,) para comercializar em uma cidade vizinha exige-se ao menos SIP, seu custo é alto frente as condições propostas ao SIM portanto se esta cidade vizinha não tiver abatedouro "legal" não come carne, claro deve ser abastecida por um estabelecimento com SIP ou SIF ai OK.

Quanto a produção de animais caprinos ou ovinos, existe um sistema diferenciado para cada realidade, a nossa é restrita as condições de adaptação das espécies ao clima e à alimentação, sem deixar de lado o controle parasitário excêncial aos resultados positivos.

Nas experiências que fiz na granja os melhores resultados em termos custo benefício se dão quando se explora o potencial produtivo da propriedade ao máximo produzindo feno, semente de aveia e mandendo areas de pastoreio adequadas e constantes, evitando a aquisição de alimento.

Contudo acredito fielmente que podemos reduzir nossos custos ainda mais, se viabilizar "selos" de comercialização para a nossa produção, qualidade nós temos, falta derrubar a má fama imposta pelos espertalhões que usam amaciante na carne.

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