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IZ: especialistas discutem controle da verminose

postado em 25/11/2010

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É crítica a situação da resistência aos produtos antiparasitários do Haemonchus contortus, o verme de ovinos e caprinos que mais prejuízos causa aos animais em todo o Brasil. O assunto foi discutido em evento realizado em Nova Odessa (SP) pelo Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), da Secretaria de agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e apoiado pelo portal FarmPoint, que contou com a participação de 64 pessoas de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Durante a reunião, foi ainda apresentado o controle seletivo dos ovinos, por meio do método Famacha, como a principal forma de controle alternativo da verminose em ovinos e caprinos.

Durante o evento, a pesquisadora Cecília José Veríssimo (IZ) disse que o verme de ovinos e caprinos é o mais patogênico e mais prevalente (ocorre com maior frequência durante todo o ano). Nos dois últimos levantamentos realizados nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, não foram encontradas propriedades com vermes sensíveis aos princípios ativos ivermectina e albendazole, e a resistência múltipla (resistência dos vermes a vários princípios ativos) foi constatada em várias regiões do Estado. "É preciso verificar a eficácia da atuação dos vermífugos, anualmente, pois a situação da resistência a um determinado produto pode mudar rapidamente, de um ano para o outro, principalmente se houver entrada de animais de outras propriedades", conclui Veríssimo. "Uma vez escolhido o produto de maior eficácia, este deve ser utilizado com a menor frequência possível, a fim de preservar essa eficácia por mais tempo na propriedade."

O professor Marcelo Beltrão Molento, da Universidade Federal do Paraná, apresentou a fase atual das pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina para o controle da verminose. Uma vacina eficaz seria uma forma de controle não prejudicial ao meio ambiente, explicou o professor, mas as pesquisas ainda estão em fase inicial, havendo, portanto, muito caminho a ser percorrido até a vacina chegar ao mercado.

O método Famacha® foi o tema de várias palestras durante mesa redonda. Cristina Sotomaior, professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, falou do pioneirismo na difusão, divulgação e pesquisas com esse método de controle seletivo da população de ovinos ou caprinos. O método, idealizado por pesquisadores da África do Sul, é baseado na comparação que se faz da coloração da mucosa ocular do animal, com uma cartela de cinco cores, representando mucosas com variados graus do hematócrito (exame que avalia a porcentagem de células vermelhas do sangue).

Sotomaior disse que o projeto "Treinamento de pequenos produtores de ovinos e caprinos na utilização do método Famacha© como auxiliar no controle da verminose gastrintestinal" tinha como objetivo inicial o treinamento de pequenos produtores. Mas hoje treina igualmente técnicos e estudantes, que atualizam seus conhecimentos sobre o controle da verminose. Ela destacou a importância do treinamento para o uso correto do método Famacha®.

A professora Maria Isabel Botelho Vieira, da Universidade de Passo Fundo, apresentou resultados de pesquisas com o método Famacha®, que vêm sendo realizadas há 6 anos. No lote de animais vermifugados de acordo com o método Famacha®, o uso de produtos químicos foi baixíssimo, o que reduziu muito os custos, sem mortalidade ou diferença no desempenho dos animais, comparado a ovinos vermifugados bimensalmente. Este estudo foi realizado com ovelhas e borregas das raças Ile de France e Suffolk. A mudança no manejo da pastagem, de pastejo extensivo para pastejo intensivo (vários piquetes com lotação rotacionada), também contribuiu para os bons resultados alcançados no desempenho dos animais e no controle da verminose do rebanho.

Marcelo Barsante Santos, zootecnista da NEO Ovinos Consultoria, destacou que vem adotando o método nas propriedades em que presta assistência na região Sudeste. Concluiu que o método deve vir acompanhado de um pacote de tecnologias, entre elas manejo e alimentação corretos, e de separação do rebanho em categorias. A alimentação de cada categoria animal deve atender às suas exigências nutricionais, manejo de pasto, com forrageiras de qualidade em sistema de pastejo rotacionado, sempre prevendo alimentação para a época da seca, além de descarte dos animais suscetíveis à verminose.

O professor Molento exibiu dados recentes obtidos no Nordeste do Brasil com o método Famacha®, enviados pelo pesquisador Luiz Vieira. O método tem sido utilizado com sucesso na região, diminuindo os custos e a frequência de vermifugações e, principalmente, ajudando a identificar os animais mais suscetíveis à verminose, visando ao seu descarte.

Já o pesquisador Farouk Zacharias, da Empresa Baiana de Pesquisa Agropecuária, apresentou resultados obtidos com uso de medicamentos homeopáticos, os mesmos utilizados na medicina homeopática humana. Ficou clara a ação de alguns desses medicamentos sobre o sistema imune do animal, aumentando o seu poder de reação imunológica frente aos parasitas. Frisou, porém, a importância da alimentação e do manejo corretos como primeira providência a ser tomada. Lembrou que geralmente a parasitose é consequência de situação nutricional ruim e que, muitas vezes, somente boa alimentação e manejo deixam os animais em condições de suportar, e até mesmo eliminar, os parasitos sem necessidade de medicação (com produtos químicos ou homeopáticos).

O médico veterinário Nelson Bernardi Júnior, diretor Técnico da Proag Brasil Ovinos, apresentou programa de avaliação genética de ovinos desenvolvido pela Pecuária Brasil Assessoria. A empresa também é responsável pelo desenvolvimento de um software de controle de dados de ovinocaprinocultura para corte, que permite acompanhar a evolução genética do rebanho, colaborando com o produtor na seleção e melhoramento genético de seu rebanho.

Segundo Nelson, a ovinocultura está ainda muito longe do grau de avanço em avaliações de rebanhos e testes de desempenho e de melhoramento genético em que se encontram a bovinocultura de corte e a de leite. Mas acredita que o principal hoje seria o produtor fazer pelo menos o descarte dos animais suscetíveis à verminose, que podem ser facilmente identificados com o uso corrente do método Famacha® no rebanho.

A certeza, ao final do evento, foi que, atualmente, o controle da verminose não pode mais ser baseado em vermifugações regulares de todo o rebanho. E que o método Famacha® é a alternativa mais prática e barata porque preserva os poucos antiparasitários que ainda são eficazes na propriedade e, principalmente, permite conhecer os animais suscetíveis da propriedade, possibilitando o seu descarte, o que leva a cada ano ao uso cada vez menor dos vermífugos. Além disso, para colaborar no controle dos parasitas, é necessário manejar e alimentar bem os animais.

As palestras estão disponíveis para visualização no site do IZ: http://www.iz.sp.gov.br/noticia.php?id=530

As informações são do Instituto de Zootecnia, adaptadas pela Equipe FarmPoint.

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